A justiça chilena condenou nesta quarta-feira por crime tributário Natalia Compagnon, nora da ex-presidente Michelle Bachelet (2014-2018), em um dos processos do caso de corrupção política que atingiu seu governo.

A decisão foi adotada de forma unânime pelo tribunal oral penal da cidade de Rancagua, que declarou culpada por crime tributário Compagnon, casada com o primogênito de Bachelet, Sebastián Dávalos.

Sócia da empresa Caval, Compagnon autorizou a entrada na contabilidade de sua empresa de notas falsas (por serviços não prestados) no contexto da aquisição de terrenos na zona de Machalí (próxima à cidade de Rancagua, 80 km ao sul de Santiago), o que lhe permitiu reduzir o pagamento de impostos, de acordo com a decisão lida em uma audiência pública nesta quarta-feira.

A empresa comprou esses terrenos em janeiro de 2014, dois meses antes de que Bachelet voltasse à presidência de Chile. Para efetuar essa compra, em plena campanha eleitoral, Compagnon e Dávalos obtiveram um crédito bancário após uma questionada reunião com o dono do Banco do Chile.

Um ano depois a milionária transação se tornou pública, em um duro golpe para o governo de Bachelet, diante das acusações de um eventual uso de informação privilegiada e tráfico de influência por parte de seu filho – que era gerente da Caval – e sua nora na hora de concretizar este milionário negócio imobiliário.

A Procuradoria pediu para Compagnon quatro anos de prisão. Mauricio Valero, seu sócio na Caval, já havia sido condenado também por crime tributário por este mesmo caso e foi absolvido do crime de suborno.

O tribunal informou que comunicará a sentença contra Compagnon em 24 de julho.

A justiça não conseguiu provar que Valero subornou funcionários públicos para obter a mudança no uso de solo dos terrenos comprados.

Compagnon também é investigada pela justiça por um caso de fraude através da empresa Caval. Um empresário acusa a empresa de lhe vender relatórios plagiados da internet.