A Justiça chilena acusou de fraude o filho da ex-presidente Michelle Bachelet nesta quarta-feira (28) e o proibiu de deixar o país durante os 90 dias que durará a investigação, um dos desdobramentos do caso de fraude fiscal que envolve sua mulher.

Sebastián Dávalos foi absolvido da causa principal que envolve sua esposa Natalia Compagnon, processada por fraude fiscal em negócios imobiliários. Contudo, a Justiça deu sinal verde para investigar se participou da elaboração de relatórios técnicos encomendados a sua mulher e que teriam sido produzidos com informações da internet e vendidos por quantias milionárias.

O Tribunal de Rancagua (sul) “acolhe a denúncia do Ministério Público de O’Higgins (centro-sul) e decreta medidas cautelares de arraigo e assinatura mensal contra ela. Fixa em 90 dias o prazo de investigação”, informou o MP de O’Higgins em sua conta no Twitter.

A hipótese do MP é que o filho mais velho de Bachelet cooperava para que a fraude tivesse efeito, beneficiando os negócios de Caval, “uma empresa imaginária”, explicou o procurador Emiliano Vargas, à CNN Chile.

Mais cedo, Dávalos esteve no Tribunal com sua mulher e respondeu à imprensa de forma desafiadora. “Continuo sendo inocente e fui absolvido categoricamente (por) 5 votos a zero de todas as acusações que me fizeram”, alertou.

No começo deste ano, a Justiça decretou a absolvição de Dávalos no caso de compra e venda irregular de terrenos no sul do país, que envolve sua mulher e será julgado em abril.

Nesta quarta, Dávalos voltou a questionar o MP por supostos vazamentos de informações à imprensa. Mesmo assim, a Justiça negou o pedido do filho e da nora da ex-presidente de inabilitar três procuradores.

O “caso Caval” estourou em 2015, no começo do mandato de Bachelet (2014-2018), o que minou sua credibilidade e se tornou em uma pedra no sapato em seu segundo mandato, concluído em 11 de março, quando assumiu o conservador Sebastián Piñera.