17/06/2019 - 14:12
Responsável por casos de terrorismo, a Procuradoria Federal alemã declarou, nesta segunda-feira (17), que o assassinato do político pró-imigração Walter Lübcke está, muito provavelmente, ligado à extrema direita.
“No estado atual da investigação, partimos do princípio de que estamos lidando com algo ligado à extrema direita” para explicar a motivação do assassinato de Walter Lübcke, declarou à imprensa o porta-voz da Procuradoria.
No fim de semana, um homem de 45 anos foi preso no âmbito da investigação sobre a morte a tiros, no início de junho, deste presidente do conselho regional de Kassel (centro), membro do partido de centro-direita da chanceler Angela Merkel.
A detenção foi realizada com base em uma análise de DNA.
Em declarações em Berlim, Merkel afirmou que a notícia é “deprimente”. “Espero que logo possamos esclarecer por completo” este caso, acrescentou.
Lübcke, de 65 anos, foi encontrado morto em 2 de junho no terraço de sua casa em Wolfhagen, subúrbio de Kassel. Ele recebeu um tiro a curta distância e estava deitado em uma poça de sangue, segundo a polícia.
Em outubro de 2015, após a decisão de Angela Merkel de abrir as fronteiras a várias centenas de milhares de iraquianos e sírios, ele defendeu os direitos dos refugiados, provocando a ira da extrema direita.
“Devemos defender nossos valores. E qualquer um que não represente esses valores pode deixar o país a qualquer momento se não estiver de acordo, é a liberdade de cada alemão”, disse ele em uma reunião pública.
– Sem precedentes desde os anos 1980 –
Segundo vários meios de comunicação alemães, o suspeito “é da extrema direita”.
Em 2009, ele foi preso junto com outros 400 militantes neonazistas por atacar uma manifestação da Federação dos Sindicatos Alemães (DBG) em Dortmund, informou a Der Spiegel em seu site. Ele foi condenado a sete meses de prisão.
Segundo a revista, teve outros problemas com a polícia, por envolvimento em atos de violência e posse de armas.
Se a motivação política for confirmada, seria o primeiro assassinato dessa natureza desde os ataques da Fração do Exército Vermelho. Em 1981, o grupo de extrema esquerda assassinou um ministro regional da Economia, membro do partido liberal FDP.
Seria também o primeiro homicídio na Alemanha de um político eleito motivado por ideias da extrema direita desde a Segunda Guerra Mundial.
No Reino Unido, uma deputada trabalhista foi morta a facadas em 2016 por um simpatizante da extrema direita.
Várias partidos solicitaram, nesta segunda-feira, a convocação de uma sessão especial do Parlamento para saber se a extrema direita está ligada ao assassinato.
Durante dez anos, Lübcke liderou uma autoridade administrativa entre o estado de Hesse e seus municípios. Também foi membro do Parlamento de Hesse.
As homenagens e artigos dedicados à sua morte provocaram uma avalanche de comentários nas redes sociais, muitos deles comemorando o assassinato.
Um internauta comemorou a morte “deste traidor”, enquanto outro advertiu: “é isso que vai acontecer com Merkel e com os outros”.