A Justiça de São Paulo aceitou a denúncia do Ministério Público de São Paulo e colocou o influenciador fitness Renato Cariani no banco dos réus por suspeita de tráfico de drogas. Outras quatro pessoas também vão responder ao processo.

A reportagem do Estadão busca contato com a defesa do influenciador. O espaço está aberto para manifestação.

Nesta fase, o juiz analisa se há indícios mínimos para abrir uma ação penal. O julgamento definitivo do caso só acontece depois que testemunhas forem ouvidas e acusação e defesas apresentarem seus argumentos, o que não tem prazo para ocorrer.

“Presentes os requisitos legais (indícios de autoria e prova da existência dos crimes decorrentes das oitivas extrajudiciais e demais elementos colhidos na fase policial), recebo a denúncia”, escreveu a juíza Maria da Conceição Pinto Vendeiro, da 3.ª Vara Criminal de Diadema, na Grande São Paulo.

O grupo vai responder por tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Além de Cariani, são réus Roseli Dorth, sócia do influenciador, Fabio Spinola Mota, amigo de Cariani, Andreia Domingues Ferreira e Rodrigo Gomes Pereira.
Como mostrou o Estadão, as autoridades estimam que a empresa do influenciador teria lucrado ao menos R$ 3,7 milhões com a venda de produtos químicos para a produção de cocaína e crack.

Segundo a investigação, as drogas abasteciam uma rede de facções criminosas, incluindo o Primeiro Comando da Capital (PCC). Renato Cariani tem mais de 14 milhões de seguidores no Instagram e no YouTube.

Pronunciamento do advogado Conrado Gontijo, que defende Roseli Dorth

“Essa é, sem sombra de dúvidas, uma das investigações mais abusivas que já presenciei em minha vida profissional. O Ministério Público e a Polícia Federal se recusaram, apesar dos vários pedidos que formulei e apesar da gravidade das acusações
MP e Polícia ignoraram 120 documentos apresentados pela defesa, que deixam clara a verdade dos fatos. Ignoraram que a quantidade de notas fiscais que são investigadas corresponde a 1 milésimo das notas fiscais emitidas pela empresa no período.

Ignoraram a total falta de consistência lógica da narrativa que forjaram: uma empresa com 42 anos de existência, mais de 800 clientes, se envolveria com tráfico, para aumentar em 1 milésimo de suas operações?

São dados objetivos. Matemáticos. A narrativa acusatória é gravemente equivocada. Mas a Polícia Federal e o Ministério Público escolheram desprezar os consistentes esclarecimentos e documentos apresentados pela defesa.

O recebimento da denúncia pela Justiça abrirá espaço para que nossos esclarecimentos sejam, de fato, ouvidos: o Poder Judiciário os ouvirá Roseli Dorth, após o MP e a Polícia terem se negado, de forma absurda, a fazê-lo. Temos confiança de que, com a instrução processual, o Poder Judiciário reconhecerá que ela foi, inequivocamente, vítima de uma enorme injustiça.”

Com Estadão Conteúdo