A sinalização “dovish” (suave) do Federal Reserve (o banco central dos EUA) foi determinante para um alívio na curva de juros na sessão estendida da B3 nesta quarta-feira, 30. As taxas, que haviam terminado a sessão regular em alta, desaceleraram com a súbita melhora de humor nos mercados internacionais, assim que o BC dos EUA iniciou a divulgação da sua decisão de política monetária. A autoridade monetária americana alterou termos de seu comunicado, falou em “paciência” e reforçou apostas em uma pausa na política de elevações graduais de juros.

A sinalização mais suave do Fed teve efeito imediato sobre o câmbio, com fortalecimento das moedas de países emergentes ante o dólar. No Brasil, a moeda americana rapidamente abandonou o viés de alta e passou a renovar sucessivas mínimas, voltando ao patamar dos R$ 3,69 no mercado à vista. A virada foi acompanhada instantaneamente na renda fixa, que terminou o dia com viés de queda nos vencimentos curtos e intermediários, e perto da estabilidade nos mais longos.

Ao final dos negócios na sessão estendida, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2020 teve taxa de 6,41%, ante 6,46% do fechamento da sessão regular e 6,45% do ajuste de terça O DI para janeiro de 2021 projetou 7,08%, abaixo dos 7,14% registrados na sessão regular e dos 7,11% do ajuste de terça-feira. Na ponta mais longa, o vencimento de janeiro de 2023 ficou com taxa de 8,26%, ante 8,33% da sessão regular e os 8,25% do ajuste de terça. Já o DI para janeiro de 2025 teve taxa de 8,82% na sessão estendida, ante 8,89% no fechamento da regular e 8,79% no ajuste de terça.

Ao longo do pregão regular na B3, a quarta-feira foi de oscilações leves, mas majoritariamente em alta, atribuída a ajustes após as quedas da véspera. O cenário doméstico seguiu positivo, garantiram analistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. No pano de fundo, seguiram as perspectivas otimistas com as articulações do governo para garantir a aprovação da reforma da Previdência.

“De forma geral, o mercado está vendo com bons olhos o cenário no Congresso, o que inclui o fortalecimento do nome de Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se mostra comprometido com a agenda de reformas”, disse Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe do Indosuez Brasil. Em sua análise, o país está distante de um cenário de elevação da inflação, salvo eventos pontuais, o que deve manter a taxa Selic livre de elevações no curto prazo.