A cautela com o cenário interno, principalmente a questão política após a divulgação do diálogo entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), e o ex-dirigente da Transpetro Sérgio Machado, puxou para cima os juros futuros, a exemplo do dólar. As preocupações com a inflação no curto prazo e um certo desconforto com a nova meta de resultado primário de 2016 divulgada na sexta-feira, após o fechamento do mercado, também influenciaram o comportamento das taxas.

Ao término da negociação regular da BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 subia de 13,675%% para 13,695%. O DI para janeiro de 2018 fechou em 12,83%, de 12,72% no ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2019 tinha taxa de 12,63%, de 12,46% no ajuste anterior. E o DI janeiro de 2021 terminou em 12,62%, de 12,36%.

Profissionais consultados pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, viram com preocupação a conversa entre Jucá e Machado, uma vez que o ministro está na base de sustentação do novo governo e também compõe a equipe econômica. A depender da evolução do caso, há riscos para a aprovação das medidas fiscais necessárias para a retomada da economia, na percepção dos analistas.

A gravação obtida pelo jornal Folha de S.Paulo revela que o ministro teria sugerido pacto para deter o avanço da Lava Jato. “Tem que mudar o governo para estancar essa sangria”, afirmou Jucá a Machado. Em entrevista nesta tarde, o ministro se defendeu, alegando que se referia à situação da economia e reafirmou o apoio às investigações da Polícia Federal.

Além disso, as pressões inflacionárias de curto prazo têm trazido incômodo e podem adiar o início do ciclo de cortes da Selic. Segundo profissionais nas mesas de renda fixa, as coletas diárias de inflação pelo monitor da Fundação Getulio Vargas (FGV) têm mostrado aceleração da alta dos preços. E, nesta manhã, a pesquisa Focus do Banco Central apontou avanço na mediana das estimativas para o IPCA de 2016, de 7,00% para 7,04%, enquanto a mediana para 2017 – horizonte para onde está voltada a política monetária – permaneceu em 5,50%.

Por fim, a nova meta fiscal proposta pelo governo, de déficit primário de R$ 170,5 bilhões para o Governo Central (Previdência Social, Tesouro Nacional e Banco Central), apesar de não ser exatamente uma surpresa para o mercado, gerou incômodo por ter superado parte das estimativas, de algo em torno de R$ 150 bilhões. De todo modo, o mercado acredita que a estratégia do governo embute um excesso de zelo.