Após quatro dias de elevação, as taxas dos contratos futuros de juros desabaram nesta sexta-feira, 8, com investidores voltando a reforçar as apostas de que a presidente Dilma Rousseff pode sofrer o impeachment. Notícias desfavoráveis ao governo, entre elas o novo parecer do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recomendando que o ex-presidente Lula não tome posse na Casa Civil, espalharam euforia no mercado de renda fixa.

No fim da sessão regular, a taxa do DI para janeiro de 2017 ficou em 13,80%, ante o ajuste de 13,88% de ontem, enquanto o contrato para janeiro de 2018 marcou 13,55%, ante 13,77%. Na ponta longa, a taxa para janeiro de 2021 ficou em 13,75%, na mínima, ante 14,16%.

Chamou a atenção o fato de a curva a termo voltar a mostrar “inclinação negativa”, com a taxa para janeiro de 2021 abaixo da taxa de janeiro de 2017. Na prática, isso indica melhora da percepção de risco em relação ao Brasil.

A percepção melhorou após Janot, na noite de ontem, mudar sua recomendação ao Supremo Tribunal Federal (STF) e pedir que a corte anule a posse do ex-presidente Lula na Casa Civil. Anteriormente, Janot havia defendido a posse do ex-presidente, mas pedido que as investigações sobre ele fossem mantidas na Justiça de primeiro grau, em Curitiba.

O parecer de Janot servirá de subsídio para o plenário do STF julgar a questão, mas o mercado decidiu se antecipar hoje. A leitura era de que, se Lula de fato não virar ministro – e, com isso, perder o foro privilegiado -, a articulação política do governo ficará comprometida e as chances de impeachment de Dilma Rousseff aumentam.

Como a sessão era, claramente, de busca por ativos de maior risco – o que gerou não apenas a queda das taxas dos DIs, mas também o recuo do dólar e o avanço da Bovespa -, investidores também resgataram algumas notícias de dias anteriores para justificar o movimento. Entre elas, a da homologação da delação premiada de executivos da Andrade Gutierrez – que ontem pouco influenciou os negócios, mas hoje justificava a venda de taxas de juros.

O Placar do Impeachment, divulgado pelo Grupo Estado, também servia de motivo para os negócios. Isso porque o levantamento mais recente sobre a preferência dos deputados, publicado na última hora pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, mostrava que 279 deles são favoráveis ao impeachment e 114 contrários. Há ainda 61 indecisos e 59 não responderam. Na noite de ontem, o placar indicava 274 deputados a favor do impedimento. São necessários 342 votos para o impedimento.

A inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em março ficou em 0,43%, ante 0,90% em fevereiro. No ano, o porcentual acumulado é de 2,62% e, em 12 meses, de 9,39%. Apesar de ter ficado em segundo plano, o IPCA reforçou o clima de otimismo entre os investidores.