O mercado de juros encerrou a semana com forte alívio nos prêmios de risco, patrocinado pela percepção crescente nos últimos dias de que o Banco Central poderá iniciar um ciclo de cortes na Selic ainda este ano. Embora isso não se traduza ainda claramente, já é perceptível na curva a termo a precificação de quedas da taxa básica em algumas reuniões do Copom no segundo semestre. Na esteira do comunicado do Copom, na quarta-feira, e dos dados do varejo, na quinta, nesta sexta-feira, 10, foi o IPCA de abril abaixo da mediana das estimativas do mercado a responder pelo fechamento em baixa das taxas, com exceção das de curtíssimo prazo, que terminaram estáveis.

O volume de contratos negociados voltou a chamar a atenção nos prazos curtos e intermediários, justamente onde estão concentradas as apostas para a política monetária nos próximos meses. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou na máxima de 6,395%, de 6,405% na quinta no ajuste e 6,465% na sexta-feira passada. A do DI para janeiro de 2021 recuou de 6,931% para 6,88%, de 7,05% na sexta-feira anterior. O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 7,99%, de 8,062% quinta no ajuste e 8,14% na última sexta. E a do DI para janeiro de 2025 caiu de 8,583% no ajuste de quinta para 8,53%, com fechamento na sexta-feira passada em 8,67%.

O IPCA desacelerou de 0,75% em março para 0,57% em abril, variação abaixo da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 0,63%, e perto do piso do intervalo, que ia de 0,54% a 0,71%. Mesmo sendo o patamar mais elevado do indicador para o mês desde 2016, o mercado fez uma leitura positiva dos preços de abertura, de que a alta da inflação esteve concentrada em preços controlados, como remédios e gasolina. O IPCA em 12 meses ficou em 4,94%, também abaixo da mediana das previsões, de 5,00% (intervalo de 4,90% a 5,10%). A meta de inflação para 2019 é de 4,25%.

“Provavelmente chegamos ao teto da inflação este ano e a tendência é cair a partir de agora. As medidas de núcleo estão rodando baixas – e estariam ainda mais não fossem ruídos extemporâneos -, o que conspira para uma curva mais comportada hoje (sexta)”, disse o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

Entre os economistas, o cenário para a Selic está bem dividido. Os que não contam com afrouxamento da política monetária no curto prazo lembram que o Banco Central tem mantido um discurso conservador e que a inflação atualmente está rodando acima do centro da meta. De outro lado, grandes instituições do mercado financeiro já ajustaram seu cenários para a Selic fechando o ano num patamar mais baixo. Nesta sexta o Bradesco revisou sua expectativa para o fim de 2019, de 6,50% para 5,75%. Ao mesmo tempo, a previsão para o PIB 2019 também caiu, de 1,90% para 1,10%.

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