A percepção de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não sinalizou para uma resposta dura ao Irã ajudou a desenhar um cenário de alívio aos juros futuros na sessão desta quarta-feira, 8. As taxas tiveram baixas consistentes em meio à queda do dólar e do petróleo, que completam um quadro de menor temor inflacionário, já que há evidências de que o choque de carnes ficou concentrado em 2019 e as primeiras leituras de preços de 2020 mostram arrefecimento. Isso deu espaço, principalmente, para o aumento das apostas de corte de 0,25 ponto porcentual na Selic no Copom de fevereiro.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 4,455% (regular) e 4,460% (estendida), de 4,485% na terça-feira no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 5,780% para 5,720% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,400% (regular) e 6,420% (estendida), de 6,440%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 6,760% (regular) e 6,770% (estendida), de 6,790%.

Na avaliação do economista-chefe do Haitong Banco de Investimento, Flávio Serrano, o alívio no câmbio favoreceu principalmente os contratos de curto e médio prazos. “Nos DIs longos pegou um pouco, mas naquele trecho é mais o apetite ao risco com o movimento lá fora”, disse.

Diante da acomodação externa, o dólar à vista fechou em queda de 0,31%, para R$ 4,0518. O barril do petróleo Brent, que é a referência do mercado internacional, tombou 4,15% (US$ 2,83), para US$ 65,44.

No caso dos juros, na ponta curta, o recuo do dólar favorece a perspectiva para o cenário de inflação num momento de pressão vinda dos combustíveis justamente em função da desvalorização cambial.

Somado a isso, há ainda sinais claros de desaceleração da pressão nos preços das carnes nos recentes índices de preço. Ao comentar a desaceleração do IPC-S de 0,77% no fim de dezembro para 0,57% na primeira quadrissemana de janeiro, o coordenador do índice, Paulo Picchetti, afirmou que todos os cortes de bovinos mostram alívio ou queda na ponta.

Nesse contexto, os players voltaram a ampliar suas fichas no corte da Selic no Copom de fevereiro, que hoje passaram a ser levemente majoritárias ante a expectativa de manutenção que vinha dominando o quadro de apostas nas últimas semanas. Segundo Serrano, a curva apontava 13 pontos-base de corte para a taxa básica no mês que vem, ou seja, 52% de chance de queda de 25 pontos-base e 48% de manutenção no atual nível de 4,50%. Ontem, a curva precificava 55% de possibilidade de Selic estável e 45% de chance de redução.