O avanço da discussão em torno da reforma da Previdência no plenário da Câmara concentrou boa parte das atenções do mercado de juros nesta volta do feriado. Como resultado da aposta de que a proposta será aprovada antes do recesso parlamentar que começa dia 18, houve queda firme para as taxas futuras, em especial nos trechos intermediário e longo, desde a etapa matutina. O exterior também ajudou. A comunicação do Federal Reserve hoje foi lida pelos investidores como reforço no sinal de que o ciclo de corte de juros nos Estados Unidos pode começar com uma dose mais firme, de 50 pontos-base, o que favoreceu moedas, títulos e ações de economias emergentes.

Também na curva doméstica, as apostas de que o Copom vai abrir o ciclo de afrouxamento monetário este mês com uma redução de 0,50 ponto porcentual na Selic tiveram forte aceleração, de acordo com dados da Quantitas Asset. Pela precificação, a curva mostra 40% de possibilidade de queda de 0,50 ponto Selic, de 11% na sessão anterior. Por outro lado, a chance de corte de 0,25 ponto caiu de 89% para 60%.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou na máxima de 5,59%, de 5,626% no ajuste de segunda-feira, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 6,400% para 6,31%. A taxa do DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,86%, de 6,941%.

Mesmo ligeiramente acima da mediana das estimativas (-0,03%), o IPCA de junho (+0,01%) perto de zero não teve impacto negativo sobre as taxas. Ao contrário, foi considerado benigno a partir da leitura dos preços de abertura e dado que a inflação em 12 meses despencou de 4,66% em maio para 3,73% em junho, bem abaixo da meta de inflação de 4,25% em 2019.

“Fica cada vez mais claro que o Copom vai reduzir a Selic em 50 pontos-base se a Câmara aprovar a reforma antes do recesso. Pelos preços dos ativos, parece que boa parte acredita nisso”, disse o estrategista da BGC Liquidez, Juliano Ferreira Neto. Ele acredita que mesmo após a aprovação há espaço para devolução de prêmios na curva, com base em pesquisa realizada no dia 4 pela instituição com 132 instituições do mercado financeiro, sendo a maioria (52%) fundos de investimento.

As questões sobre “se vai ajustar no fato” e “quanto espaço tem mais para andar depois que aprovar a reforma” são pontos de interesse a partir de agora, na opinião do estrategista de Mercados da Harrison Investimentos, Renan Sujii. “Tudo está caminhando para um cenário de Copom em julho em que a Previdência já passou na Câmara. Bolsa e DI andaram bem mais, mas o dólar nem tanto, é um movimento assimétrico. A percepção é que o dólar tem bem mais para devolver”, disse, o que também ajuda a explicar o aumento das apostas num Copom mais agressivo. O dólar à vista fechou hoje em R$ 3,7568.