O crescimento das apostas de manutenção dos juros dos Estados Unidos no nível atual, fortalecido por dados que apontaram aumento das expectativas de inflação do país e pela retórica austera de uma das diretoras do Federal Reserve, contribuiu para dar sobrevida ao movimento de alta nas taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) no último pregão da semana.

Os juros futuros chegaram a operar em baixa pela manhã, acomodando-se após uma semana volátil e de aumento nas taxas e reagindo aos dados do IPCA de abril, que mostrou inflação maior que a esperada – de 0,38%, ante projeção de 0,33% -, mas com sinais positivos – entre eles a desaceleração no aumento dos preços de serviços subjacentes.

Mas prevaleceu sobre o mercado o sentimento vindo do exterior, onde as taxas dos Treasuries reagiram a novos sinais de que os juros por lá permanecerão inalterados por algum tempo.

“Aqui dentro é muito importante, porém o fator externo faz mais preço. O grande volume de negócio é proveniente de estrangeiros, e o dado ruim de inflação lá fora ajuda a aumentar a inclinação da nossa curva de juros ainda mais do que o dado um pouco fora do que esperamos no Brasil”, disse Rafael Bellas, head de fundos listados e alternativos da InvestSmart XP.

Além do aumento nas expectativas de inflação em 12 meses apontado em indicador da Universidade de Michigan (de 3,2% para 3,5%), Michelle Bowman, uma das diretoras do Fed, indicou que considera inapropriado reduzir as taxas em 2024 diante da resiliência da inflação.

“O que mais está preocupando o mercado de juros futuros no Brasil é essa situação dos Estados Unidos. A inflação não arrefece da forma esperada e a economia segue muito forte. Falava-se de recessão nos EUA e hoje nem se toca neste assunto”, disse Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital.

Outro ponto no radar é a expectativa do mercado em relação à ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que será publicada na terça-feira (14). A expectativa é de que o documento apresente a fundamentação do voto dissidente, dado pelos quatro diretores indicados pelo governo, de um corte de 0,50 ponto porcentual na Selic.

A ausência desta informação no comunicado fez o mercado embutir na curva – em particular na parte longa – a expectativa de um Copom mais leniente com a inflação a partir do ano que vem, quando o governo terá um número maior de diretores indicados no colegiado.

A taxa do contrato de DI para janeiro de 2025 subiu a 10,300%, de 10,267% no ajuste de ontem, enquanto a taxa para janeiro de 2026 avançou a 10,585%, de 10,493%. A taxa para janeiro de 2027 teve alta para 10,995%, de 10,880%, enquanto a taxa para janeiro de 2029 subiu a 11,540%, de 11,429%.