Os juros futuros fecharam a quinta-feira com queda consistente, amparada no ambiente internacional positivo, no câmbio, que chegou a tocar em R$ 4,75, e fatores técnicos relacionados a desmonte de posições tomadas em inflação implícita uma vez aprovado o projeto que impõe um teto para a alíquota do ICMS sobre energia e combustíveis, na quarta na Câmara. A proposta abre espaço para alívio inflacionário, mas também traz preocupações do lado fiscal, nesta quinta um poco mais amenizadas pelo dado robusto da arrecadação federal. O leilão de prefixados veio menor do que o esperado, o que foi visto como um fator a menos de estresse.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,345%, de 13,420% na quarta-feira no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 12,966% para 12,80%. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 12,08%, de 12,279%, e o DI para janeiro de 2027, com taxa de 11,91%, de 12,09%.

O volume negociado ficou acima da média diária dos últimos 30 dias para os principais contratos, numa quinta-feira recheada de fatores com potencial para direcionar os negócios, embora o apetite pelo risco no exterior tenha sido apontado pelos profissionais como o determinante para o alívio nos prêmios. “Ainda estamos na esteira de ontem, com a ata hawkish do Fed, mas que não confirmou as piores expectativas”, disse o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, destacando que os dados americanos desta quinta indicam que o Federal Reserve deve seguir com o plano de manter o ritmo de alta de juro em 0,5 ponto.

As taxas curtas foram destaque de queda pela manhã, refletindo a aprovação do projeto do ICMS, com alguns analistas apontando impacto negativo de até 1,8 ponto porcentual na inflação deste ano. O projeto, que estabelece teto de 17% para a cobrança sobre combustíveis, energia elétrica, transporte, telecomunicações e querosene de aviação, foi aprovado na quarta na Câmara e agora segue para o Senado. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), porém disse que não tem estimativa de data para colocar em votação, pois primeiro quer buscar um consenso com os governadores.

“É um assunto ambíguo, pelo trade off na questão fiscal, e o que tranquiliza um pouco são os resultados fiscais que têm vindo fortes”, afirmou Caramaschi. Nesta quinta-feira, a Receita Federal informou que a arrecadação de abril somou R$ 195,095 bilhões, novo recorde para o mês. O resultado veio bem acima da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de R$ 187,884 bilhões.

Ajustes técnicos de posição também teriam tido forte influência sobre o mercado. “O mercado de juros esta operando um ‘mood’ de desmonte de tomados em implícitas por conta do ICMS. Os Treasuries também deram deu uma boa aliviada nos últimos dias”, contou Caramaschi.

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Na gestão da dívida, o Tesouro reduziu os lotes de prefixados, com risco menor para o mercado (DV01) ante as operações anteriores e com taxas abaixo do consenso no caso das LTN. O Tesouro conseguiu vender 8,685 milhões, ou quase todo o lote de 9 milhões do papel. Entre as NTN-F, porém vendeu somente as 150 mil ofertadas para 1/1/20233, rejeitando todas as propostas para as de 1/1/2029, cujo lote também era de 150 mil.


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