“Não me vejo como um perdedor”, havia afirmado na véspera da final da Champions Jürgen Klopp, convencido que seu destino seria mais forte que sua maldição e, quatro anos depois de chegar ao Liverpool em 2015, o técnico alemão levantou o troféu da maior competição de clube do mundo.

“É assim que eu entendo a sorte: se você trabalha para ganhar títulos, mais cedo ou mais tarde você irá alcançar o objetivo”: graças à perseverança e a uma consistência impressionante, Klopp levou o Liverpool, vencedor por 2 a 0 do Tottenham neste sábado em Madri, ao topo do futebol europeu.

Ao mesmo tempo, Klopp entrou para a história dos Reds, alcançando o patamar de outros técnicos lendários do tradicional clube do norte da Inglaterra como Bob Paisley ou Bill Shankly.

Apesar de seu estilo de jogo atrevido e uma gestão de elenco fora do comum, o destino esportivo deste carismático alemão era, até então, marcado por três finais europeias perdidas.

“Eu sou provavelmente o recordista mundial de vitórias em semifinais nas últimas sete temporadas! Mas se eu escrevesse um livro sobre isso, ninguém leria”, admitiu com humor na sexta-feira.

– Maldição –

De fato, desde sua primeira façanha inacabada na Champions, quando chegou à final da competição em 2013 com o Borussia Dortmund, Klopp, ex-jogador da segunda divisão alemã, pareceu sofrer com uma verdadeira maldição.

Derrotado com o Liverpool na final da Liga Europa, a segunda competição europeia, pelo Sevilla em 2016, Klopp ainda caiu no ano passado diante do Real Madrid de Cristiano Ronaldo na final da Champions.

Para reforçar a maldição, na Premier League, competição que o Liverpool não conquista desde 1990, Klopp teve que se contentar com um vice-campeonato nesta temporada, apesar de seus jogadores terem somando incríveis 97 pontos (um a menos que o campeão Manchester City).

Sua terceira final de Champions, a segunda consecutiva com o Liverpool, quebrou com qualquer praga existente. Uma grande recompensa para este ex-técnico do Mainz (2001-2008), considerado pelos analistas e por seus companheiros o melhor técnico da atualidade ao lado de Pep Guardiola, do City.

“Se eu fosse jogador, gostaria de ser treinado por este tipo de técnico, que dá uma imagem de ser próximo aos jogadores, muito exigente, muito duro, mas que te dá vontade de se superar”, havia afirmado à rádio RMC Christophe Galtier, eleito o melhor técnico do Campeonato Francês nesta temporada.

Sempre pronto para dar uma boa manchete à imprensa e um fã de música ‘Heavy Metal’, Klopp conseguiu principalmente a façanha de ser amado pela exigente cidade dos Beatles, tanto por seu elétrico e ofensivo estilo de jogo como por sua personalidade brincalhona e autêntica.

– “The normal one” –

Autointitulado “The Normal One” (‘O cara normal’) ao chegar ao Liverpool, uma brincadeira com o marrento técnico português José Mourinho, que se chamava de “The Special One” (‘O cara especial’), Klopp nunca deixou em segundo plano sua relação com a torcida e já foi visto bebendo umas cervejas com torcedores em um pub.

O ponto alto de seu relacionamento com os torcedores sem dúvida foi o jogo de volta das semifinais da Liga dos Campeões, quando o Liverpool foi buscar a virada sobre o Barcelona de Lionel Messi, vencendo por 4 a 0, depois de perder por 3 a 0 na ida, algo que era dado como impossível.

Isso sem as estrelas do time Mohamed Salah e Roberto Firmino, machucados na época!

Louco de alegria ao fim da partida, Klopp imortalizou a noite mágica cantando junto com os jogadores o famoso “You’ll Never Walk Alone” diante da eufórica torcida em Anfield.

“Não é graças à tática, nem da filosofia de jogo”, declarou o próprio José Mourinho, agora comentarista de televisão. “É uma questão de coração, de alma e da empatia fantástica que criou com seu grupo de jogadores”.

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BORUSSIA DORTMUND