Junta militar da Guiné suspende três dos principais partidos da oposição

A junta no poder na Guiné suspendeu, por 90 dias, três dos principais partidos do país, incluindo o do ex-presidente Alpha Condé, segundo uma decisão a qual a AFP teve acesso, em uma nova medida restritiva dos militares antes de um referendo constitucional.

Esta decisão do Ministério da Administração Territorial foi divulgada quando os principais partidos e organizações da sociedade civil deste país da África Ocidental convocaram manifestações a partir de 5 de setembro para denunciar, segundo eles, uma tentativa de usurpar o poder por parte do chefe da junta, o general Mamadi Doumbouya.

Além da Assembleia do Povo da Guiné (RPG), liderada por Condé, a ordem suspendeu a União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG), do ex-primeiro-ministro Cellou Dalein Diallo, e o Partido da Renovação e do Progresso (PRP), de acordo com o texto do ministério.

“Estes partidos não cumpriram as obrigações exigidas”, afirma a ordem, especificando que tinham um “prazo de três meses” para “proceder à correção das infrações constatadas”.

A oposição denuncia a realização, em 21 de setembro, de um referendo sobre uma nova Constituição convocado pelo general Doumbouya, que chegou ao poder em setembro de 2021 após derrubar o presidente civil Alpha Condé, que estava no poder há mais de uma década.

A junta proibiu todas as manifestações desde 2022 e prendeu, processou ou forçou ao exílio vários líderes da oposição.

No fim de junho, Doumbouya apresentou um projeto de Constituição. Seu texto abre caminho para o retorno ao governo civil, embora não determine se ele poderia se candidatar nas próximas eleições presidenciais.

Uma “carta de transição” redigida pela junta pouco após o golpe estipulava que nenhum de seus líderes, membros do governo ou chefes de instituições poderia se candidatar ao pleito.

A adoção de uma nova Constituição poderia eliminar essa restrição, em um país que passou décadas sob governos ditatoriais.

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