A junta militar de Mianmar anunciou nesta quinta-feira (17) a libertação de quase 6.000 presos, entre eles uma ex-embaixadora britânica, um assessor australiano do governo derrubado de Aung San Suu Kyi e um jornalista japonês.

Os três estrangeiros “foram indultados e deportados”, disse a Junta em comunicado, sem especificar quando acontecerá a deportação.

A ex-diplomata Vicky Bowman, o assessor econômico australiano Sean Turnell e o jornalista japonês Toru Kubota “serão libertados devido ao feriado nacional”, que é celebrado nesta quinta-feira, disse um alto funcionário.

O avião que transportava Bowman deixou Yangon nesta quinta-feira, segundo um repórter da AFP. Ela foi condenada a um ano de prisão em setembro e estava em um avião com destino a Bangcoc, que decolou às 17h26, horário local (07h56 em Brasília).

A decisão é um raro sinal de abertura por parte dos militares, que chegaram ao poder com um golpe de Estado em 1º de fevereiro de 2021.

Milhares de pessoas foram presas na sangrenta repressão à dissidência que se seguiu ao golpe.

Três ônibus que transportavam os prisioneiros indultados deixaram a prisão de Insein, em Yangon, pouco depois das 15h, horário local (5h30 no horário de Brasília), e passaram por uma multidão de 200 pessoas, disseram jornalistas da AFP no local.

Uma mulher, que não quis revelar sua identidade por medo de represálias, esperava pelo marido, que havia cumprido metade de sua pena de prisão de três anos por fomentar a dissidência contra o exército.

“Antes, ele era partidário do USDP [partido apoiado pelo exército]. Depois do golpe, ele se juntou aos protestos”, contou a birmanesa, que disse estar “muito orgulhosa dele”.

“No total, 5.774 presos, entre eles cerca de 600 mulheres, serão libertados”, disse o funcionário do regime, sem explicar quantos dos indultados foram detidos durante a repressão militar da dissidência.

A libertação de presos foi reivindicada durante meses pelas organizações de direitos humanos, que condenam as políticas de uma junta acusada de ter mergulhado o país em um conflito sangrento desde o golpe de Estado.

Segundo uma ONG local, mais de 2.300 civis morreram pelas mãos das forças de segurança desde o golpe de Estado.

A Junta culpa a oposição armada pela morte de mais de 3.900 civis.