Ídolo vascaíno e do Lyon, da França, Juninho Pernambucano disse em entrevista ao jornal The Guardian que se afastou de “80% ou 90%” dos familiares e amigos por conta do apoio deles ao presidente Jair Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais, em 2018.

“Bolsonaro é um filhote do WhatsApp e das fake news. As pessoas que apoiavam Bolsonaro eram maioria e foi minha decisão me afastar delas”, disparou o ex-jogador.

Conhecido por opiniões contundentes, o dirigente do Lyon fez duras críticas a elite brasileira pela falta de entendimento da desigualdade brasileira.

“O establishment no Brasil não tem empatia e quer que nós não tenhamos também. A elite [econômica brasileira] não entende o tamanho das desigualdades financeiras no país que, se aumentarem, causarão violência. Estamos assistindo isso se desenrolar agora”, disse Juninho.

Emocionado, Juninho afirmou que o Brasil está fazendo “tudo errado” no trato com a pandemia de Covid-19 e revelou ter “profunda tristeza”, com as diretrizes do País.

“Eu sou brasileiro, sei que somos um país pobre e nosso pessoal precisa trabalhar, mas isso (isolamento social para conter a disseminação do vírus) é uma questão de saúde. Se tivéssemos um lockdown, poderíamos estar perto do fim disso, mas não”, lamentou.

Questionado sobre as desigualdades raciais, Juninho relatou que existem “milhares” de casos no Brasil como o de George Floyd.

“Como foi possível uma criança de oito anos ser baleada pela polícia como aconteceu no ano passado no Complexo do Alemão? Como é possível viver depois disso? Inacreditável”, questionou o ex-atleta.

A criança citada por Juninho é Ághata Felix, que foi morta a tiros em setembro do ano passado na capital fluminense.