O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, rebateu às críticas sobre a atuação do governo no combate ao crime organizado. Ao Broadcast Político, Jungmann afirmou que “os especialistas deveriam saber que não tínhamos nem sequer uma política nacional de segurança pública” no ano passado. Ele disse ainda que o Sistema Único da Segurança Pública (Susp) será implantado ainda este mês para solucionar a questão.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta quinta-feira, 9, revelam que o Brasil bateu no ano passado o recorde de mortes violentas intencionais, como homicídios e latrocínios, da sua história. Foram 63.880 vítimas, o equivalente a sete por hora.

Mais cedo, Jungmann citou, em resposta ao resultado do relatório e como medida de combate à violência, a liberação de R$ 1 bilhão para estados e municípios comprarem novas viaturas policiais. “Foi o maior pacote de compras da segurança pública da história”, destacou. Jungmann declarou ainda que amanhã haverá outra licitação voltada para a compra de mais coletes à prova de bala.

Além disso, ele disse que outra medida tomada para tentar reduzir os índices de criminalidade é a criação de uma coordenação nacional para combater as facções criminosas, que classificou como o “motor da violência”. “Ainda este mês estaremos implantando o Susp, que vai, pela primeira vez, reunir União, Estados, Municípios, polícias, Ministério Público, Judiciário, todos unidos para enfrentar o crime organizado. Essa é a nossa resposta e tenho certeza que vamos avançar na segurança dos brasileiros e na redução da violência”, reforçou.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, o sociólogo Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), afirmou que os números divulgados hoje demonstram a falência da política nacional de Segurança Pública. “O Brasil hoje vive uma situação gravíssima nessa área, uma situação que se deteriora a cada ano, e essa deterioração em 2017 é bastante acentuada. Isso é fundamental porque fragiliza a nossa democracia.”

O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Rafael Alcadipani cobrou uma “Lava Jato contra o crime organizado”. “Por que não há uma força-tarefa contra o PCC? O crime organizado está cada vez mais atuando de forma refinada e o aparato estatal não muda. As brigas entre as facções têm relação direta com o aumento dos homicídios”, diz.

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Para o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, os Estados têm de agir de forma diferente, intensificando a capacidade investigativa das polícias civis para agir com inteligência contra as finanças do crime organizado, por exemplo. “Diante dessa nova dinâmica, o Estado, em diversas esferas, se viu perdido e resolveu responder da forma que se sempre fez, com mais policiamento ostensivo militarizado. Isso está gerando resultados extremamente ruins em termos de cidadania, em gasto público, e não há o efeito esperado na redução da violência.”


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