A atriz Juliana Caldas ficou bastante chateada ao assistir o filme “Amor Sem Medida”, da Netflix. Estrelado por Leandro Hassum e Juliana Paes, o longa conta a história de Ricardo (Leandro), um médico de baixa estatura, que se apaixona por Ivana (Juliana).

Família de Marília Mendonça fala sobre projeto de lei com o nome da cantora

‘The Expanse’, ‘Jumanji’, ‘Being the Ricardos’: Confira os lançamentos do Prime Video para dezembro

A atriz ficou triste pois o filme, que é de comédia, aborda o nanismo com piadas capacitistas. “Oi, gente! Boa noite! Tudo bom? Estou aqui gravando esse vídeo para falar sobre um filme. Na verdade, para dar a minha opinião sobre um filme que está na Netflix, um filme brasileiro que aborda o tema nanismo. Nossa, bacana! Só que não… Bom, enfim, o filme é do Leandro Hassum, chama ‘Amor sem Medida’ e… Bom, vamos lá. Se a gente parar para pensar… A gente fala tanto hoje em dia da representatividade, da importância da representatividade no mundo, na diversidade, etc. Só que vou dar a minha opinião, estou aqui dando minha opinião tanto como pessoa Juliana e como artista Juliana”, começou.

“Primeiro porque a pessoa que faz o personagem que tem nanismo… o ator não tem nanismo, que é o próprio Leandro Hassum. Eles fizeram computação gráfica, diminuíram [o Hassum] em computação gráfica, essas coisas, para mostrar que ele tem baixa estatura. E, depois disso, a maior parte do filme tem piadas totalmente capacitistas, totalmente preconceituosas e que, cara… Não dá para aceitar hoje em dia. Se fossem piadas racistas, homofóbicas, gordofóbicas, eu acredito que talvez esse assunto estaria sendo levado mais a sério”, continuou a atriz.

“Porque o filme é de humor… Quando a gente fala sobre o nanismo, a maior parte das vezes é nessa forma de piada e totalmente capacitista e preconceituosa. E não dá assim. Não dá mais para aceitar hoje mais um filme que faz você sentar e rir disso, rir dos outros, rir da condição do outro, sabe? No caso, né, da deficiência do nanismo. O nanismo é considerado uma deficiência. Aí você rir disso hoje em dia não dá mais para aceitar. Eu não consigo, queria entender, realmente, se as pessoas sabem o que significa empatia. Porque eu, às vezes, vejo cada vez mais, que as pessoas não sabem. Na verdade, sabem o que é o significado, ok. Se colocar no lugar do outro, ok. Porém não exercem a empatia”, acrescentou Juliana, chorando.

“Porque não dá, sabe? Aí você questiona, pode questionar, pode se perguntar aí, né? Você que está vendo… ‘Mas você também fez um trabalho que seu personagem ouvia barbaridades, abordagens, falta de acessibilidade, sim’ [referindo-se à personagem Estela de O Outro Lado do Paraíso]. Mas, na minha opinião, não se dava margem e abertura para você rir disso. Pelo contrário. Se dava abertura de você questionar, sim, sobre muitas coisas e para pensar o quanto isso fere o próximo. Você é chamado de monstrengo, você comparando ou infantilizando a pessoa com nanismo….”

“Uma das abordagens do filme é comparar o órgão sexual masculino do cara com o tamanho dele. É um absurdo, a gente tenta lutar por respeito, pelo nosso espaço… Por exemplo, um espaço que poderia ter tido um ator realmente com nanismo no filme não teve. A gente tendo respeito… Agora, dia 3, é o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, e aí você tem que se deparar com um filme em que a maior parte é de piadas ridículas. Até quando? Foi assim que parei de assistir o filme, não dá. Eu acho que, enfim, você pode realmente achar que é mimimi, que é essas coisas… enfim, você pode achar o que quiser. Mas não dá para passar batido a falta de respeito com o próximo. Ainda mais no momento no mundo de hoje, sabe? E todas as outras pautas a gente vê que são levadas a sério. E aí quando você põe a pauta de nanismo, a maioria das vezes não é levada a sério.”

“Eu não tenho nem o que dizer mais. Fiquem à vontade de achar que estou exagerando, até mesmo porque pode achar: ‘ah, é hipocrisia da sua parte’. Como eu disse, né? Fiz um trabalho que abordava o nanismo de uma forma também… Porém não era humor, era drama. Acredito que fez muito mais as pessoas pensarem do que rirem, como esse filme. Porque ele tenta fazer rir, mas não ri em nenhum momento. É cansativo ter que explicar o óbvio, o simples, explicar que a partir do momento que uma piada ou frase fere o outro não é legal. Espero que, no mínimo, as pessoas parem para pensar um pouco, parem para respeitar o próximo, e entender realmente o que é empatia… E exercer a empatia, porque não é só saber o seu significado. Espero que as pessoas, realmente, além de entender, coloquem em prática a empatia”, finalizou a atriz.