O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, chamou a atenção nesta quinta-feira, 25, para o fato de o mercado de crédito ter se retraído mais uma vez em julho, para R$ 3,116 trilhões. “Julho já não é uma época sazonal característica de retração. Efetivamente, o mercado de crédito evolui de forma contida ao longo do ano”, observou. O técnico do BC enfatizou que o desempenho do crédito está em um contexto de atividade mais baixa e de juro mais alto e lembrou que, em 12 meses, o estoque de crédito apresenta alta de apenas 0,2%. “O quadro é o mesmo para o crédito livre e direcionado, PF ou PJ”, pontuou.

Dentro do crédito livre, o recuo deveu-se, sobretudo, ao crédito às empresas, conforme Maciel. “A retração do saldo abrangeu a maior parte das modalidades, foi quase generalizada. Mas destaca-se o crédito para capital de giro, que mostra recuo pronunciado ao longo do ano e também neste mês”, disse.

O chefe de Departamento salientou que o crédito livre às famílias praticamente manteve-se estável no mês e que isso se deu ao refletir movimentos distintos. “Tivemos um pouco mais de consignado e retração de cheque especial e veículos, que já vem há bastante tempo”, considerou. Em 12 meses, o crescimento é de 0,6%, variação que foi considerada “modesta” pra crédito para famílias pelo técnico. “Tem modalidades recuando de forma bem caracterizada, como veículos, e outros mostrando alguma reação, como consignado”, citou o economista do BC.

No caso do crédito direcionado, ele comentou que os movimentos são aqueles semelhantes aos já observados no passado, com redução do ritmo de expansão do crédito imobiliário e um menor volume para empresas, em especial para investimentos. “Isso ocorre em um ambiente de continuidade de crescimento das taxas de juros, com aumento de spread”, disse. Ele lembrou que a taxa de captação segue estável, mas que os spreads estão mais elevados por razão, principalmente, de composição – com aumento de taxas de maior risco e quadro de inadimplência bem comportado na margem.

Veículos

Maciel afirmou que o recuo em 12 meses do crédito para veículos parece ter “encontrado um patamar”. De acordo com os dados divulgados pela instituição, o recuo em 12 meses até julho foi de 13,6%. Maciel chamou a atenção para o fato de que, em meses anteriores, este acumulado chegou a mostrar retrações maiores.

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“Não digo que houve reação do crédito para compra de veículos, mas a retração parece ter encontrado um patamar. Pode ser que à frente haja alguma alteração no segmento de crédito para veículos, que é bastante importante”, disse Maciel.

O chefe do Departamento Econômico do BC afirmou ainda que a retração no crédito para veículos é consequência de dois fatores: a retração econômica, que diminui a demanda, e as próprias condições de crédito, que eram mais favoráveis no ano passado. “Porcentual de financiamento de veículos era maior, o que contribui para a baixa”, comentou.

Inadimplência

Maciel também chamou a atenção para o aumento do crédito renegociado pelas pessoas físicas com os bancos. Pelos dados divulgados pela instituição, o crédito renegociado no acumulado de 12 meses até julho subiu 16,3%. Em julho em relação a junho, houve alta de 0,4%. De acordo com Maciel, esta renegociação ajuda a conter a inadimplência das pessoas físicas com as instituições financeiras.

Considerando o crédito com recursos livres, a inadimplência ficou estável de junho para julho, em 6,2%. No acumulado de 12 meses, a alta acumulada é de 0,8%.


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