Julgamento no STF vira foco da imprensa latina

Os jornais argentinos colocaram na capa e com destaque de fotografias e detalhamentos o julgamento no Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF) do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A sessão foi acompanhada ao vivo pelos principais veículos da Argentina. De forma semelhante, reagiu a imprensa no Chile e no Peru, destacando o assunto nos jornais.

O conservador La Nación diz que a decisão do Supremo “sacudiu o tabuleiro do Brasil”. O jornal esquerdista Pagina 12 classificou de “golpe judicial” na manchete: “O Povo Brasileiro tem o direito de votar em Lula”.

Jornal de maior circulação na Argentina, o Clarín observa como “dramática definição” a decisão do STF e afirma que há uma “incerteza política” no vizinho e principal parceiro comercial da Argentina.

Na Argentina, os jornais especulam a possibilidade de que o presidente argentino Mauricio Macri poderia aproveitar a “debilidade brasileira” para assumir o papel de líder regional.

O ex-presidente do Chile Ricardo Lagos usou o Twitter para analisar a decisão do STF, que classificou como “má notícia para a democracia” da América Latina, segundo o jornal La Tercera. Reportagem do jornal El Mercurio informa que Lula “pode ir a prisão sob condenação por corrupção”.

No Peru, os jornais também destacaram a votação do STF. O El Comércio colocou na capa: “Rejeitam o habeas corpus de Lula e [ele] fica a um passo da cadeia”, enquanto o La República diz que o ex-presidente está “a caminho da cadeia por uma decisão do STF”.

O julgamento no Supremo ocorreu no momento em que a Operação Lava Jato também é desdobrada nos países vizinhos ao Brasil, Peru, Chile e Argentina. Júlio de Vido, ex-ministro do Planejamento, foi indiciado sob suspeita de ter sido favorecido com contratos de US$ 2,3 bilhões para a construção de gasodutos via Odebrecht.

No Peru, há três semanas, Pedro Pablo Kuczynski renunciou ao cargo de presidente do Peru, após 19 meses na função. A decisão foi tomada as vésperas da votação do impeachment (o segundo desde dezembro) por seu suposto envolvimento no escândalo da Odebrecht.