Julgamento dos atentados de Paris é retomado com interrogatório dos réus

Julgamento dos atentados de Paris é retomado com interrogatório dos réus

O processo dos atentados que deixaram 130 mortos em novembro de 2015 em Paris e seus arredores foi retomado, nesta terça-feira (11), com o início dos interrogatórios dos réus, após mais de duas semanas de recesso.

O julgamento do ataque mais sangrento sofrido pela capital francesa desde a Segunda Guerra Mundial deveria ter sido retomado na semana passada, mas foi suspenso duas vezes, devido à saúde do principal réu.

Salah Abdeslam, o único membro vivo dos comandos que atacaram o Stade de France, no norte de Paris, bares e restaurantes da capital e a casa de shows Bataclan, contraiu covid-19 na prisão no final de dezembro.

O presidente do tribunal onde ele está sendo julgando, Jean-Louis Périès, declarou nesta terça que um segundo laudo médico solicitado na semana passada indica que Abdeslam está “curado” desde 3 de janeiro.

O relatório também afirma que ele pode comparecer às audiências, uma vez que “[não é] contagioso”, mesmo que teste positivo. Abdeslam, que não comparecia a uma audiência desde 25 de novembro, esteve presente hoje.

Já o réu sueco Osama Krayem se recusou a comparecer. Sua advogada, Margaux Durand-Poincloux, disse que, na quinta-feira (6), seu cliente tomou a decisão de não falar mais até o final do julgamento.

“No início, eu queria me expressar no tribunal”, mas “ninguém está procurando a verdade”, diz uma carta lida por sua advogada na semana passada. Seu interrogatório está marcado para a próxima semana.

O primeiro réu a ser interrogado é Mohamed Abrini, de 37 anos, amigo de infância de Salah Abdeslam. Ele está sendo julgado por acompanhar o comando jihadista à região de Paris na véspera do ataque.

O interrogatório de Salah Abdeslam está marcado para 20 e 21 de janeiro. Nesta primeira fase, os réus devem apenas responder sobre os acontecimentos ocorridos até ao verão boreal de 2015 (inverno no Brasil).

Mohamed Abrini, que também será julgado na Bélgica pelos ataques de março de 2016 em Bruxelas, é acusado na França de cumplicidade no aluguel de carros e apartamentos usados pelos jihadistas.

“Reconheço minha participação nos ataques. Mas, sobre esse infortúnio que aconteceu na França, quero dizer que não fui eu quem deu a ordem, ou o cérebro, nem prestei ajuda logística, ou financeira”, declarou ele em novembro.

Segundo os investigadores, seu papel deve ainda ser esclarecido. No verão boreal de 2015, ele se encontrou na Síria com Abdelhamid Abaaoud e Najim Laachraoui, chefe das operações e suposto artífice do comando. Além disso, Abrini fez uma misteriosa viagem à Inglaterra em julho de 2015.