O julgamento do jogador Daniel Alves, acusado de estuprar uma mulher no banheiro de uma boate na Espanha em dezembro de 2022, começou nesta segunda-feira, 5, em um tribunal de Barcelona. O lateral direito com passagem marcante pela seleção brasileira deverá ser ouvido apenas na quarta-feira, 7, após um acordo entre a sua defesa e a juíza do caso.

O processo, que deve prolongar-se até quarta-feira, começou pouco depois das 10h30 locais (6h30 em Brasília). O Ministério Público pediu nove anos de prisão para o atleta.

O brasileiro alega inocência e afirma que a relação sexual foi consensual. Ele mudou sua versão sobre o caso por diversas vezes, trocou de defesa e teve três pedidos de liberdade provisória negados, com a Justiça citando risco de fuga.

O depoimento da suposta vítima durou cerca de uma hora e 15 minutos. Como previsto, a denunciante depôs a portas fechadas, com a voz distorcida e sem contato visual com Daniel Alves.

Além da suposta vítima, foram ouvidas cinco testemunhas: uma amiga e uma prima da denunciante, e o porteiro e dois garçons da boate.

O segundo dia de audiência ocorrerá terça-feira, 6, com previsão de início às 11h (horário de Brasília), com 22 testemunhas na programação, incluindo Joana Sanz, esposa do jogador.

Entenda os detalhes do julgamento

Na quinta-feira, 1º, o Tribunal de Barcelona rejeitou pedido do Ministério Público da Espanha para que a audiência fosse realizada à portas fechadas. A sessão acontece de forma aberta, com a presença da imprensa em sala à parte, mas captações de áudio e imagem estão vetadas.

O julgamento é presidido pela juíza Isabel Delgado Pérez, acompanhada pelos magistrados Luís Belestá Segura e Pablo Diez Noval. Seis pessoas devem prestar depoimento hoje. Na terça-feira, mais 22 serão ouvidas, totalizando 28 testemunhas. O terceiro dia será dedicado a análise de dados periciais, como imagens das câmeras de segurança da boate onde aconteceu o caso, e exames médicos realizados pela denunciante. A pedido da defesa de Daniel Alves, o jogador também vai ser ouvido na quarta-feira.

Não há prazo para o anúncio da sentença. Até lá, Daniel Alves vai continuar preso de maneira preventiva. No início do caso judicial, a defesa do jogador pagou à Justiça o valor de 150 mil euros (cerca de R$ 800 mil) de indenização à jovem. A advogada da mulher contesta a possível redução da eventual pena. O MP solicitou, ainda, dez anos de liberdade vigiada após o cumprimento da pena em cárcere, e que ele seja proibido de se aproximar da vítima, assim como de se comunicar com ela, pelo mesmo período.

Para pagar a multa de atenuante de pena, Daniel Alves recebeu o valor de Neymar da Silva Santos, pai do craque da seleção brasileira. A ex-mulher do lateral, Dinorah Santana, que também é mãe dos filhos do jogador e ex-sócia, acionou a Justiça do Rio em agosto do ano passado cobrando do atleta R$ 13 milhões em pensão alimentícia. O jogador teve bloqueados R$ 7 milhões além de 30% do que recebe mensalmente do São Paulo pelo acordo de pagamento de salários atrasados.

A defesa de Daniel Alves, encabeçada pela advogada Inés Guardiola, tentou um acordo com os advogados da denunciante ao longo das últimas semanas. O canal espanhol Telecinco chegou a divulgar que as conversas pela retirada acusação chegaram a ser protocoladas na Justiça, mas as tratativas por um conciliação caíram por terra quando Lúcia Alves, mãe de Daniel, compartilhou um vídeo nas redes sociais expondo a identidade de quem seria a mulher que denuncia o atleta de agressão sexual. Em nota, a advogada que atende a mulher afirmou que vai processar a mãe do brasileiro.

* Com informações da AFP e Estadão Conteúdo