PlatôBR: Os próximos passos do julgamento de Cláudio Castro no TSE

Relatora Isabel Gallotti votou pela cassação do mandato do governador do Rio, mas ministro Antonio Carlos Ferreira pediu vista logo em seguida. Julgamento só deve ser retomado no ano que vem

Antonio Augusto/STF
Foto: Antonio Augusto/STF

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), sofreu a primeira derrota no julgamento por abuso de poder econômico na eleição de 2022, com o voto da ministra do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Isabel Gallotti. Relatora do processo na corte, ela votou na noite desta terça-feira, 4, pela cassação do mandato de Castro, mas o veredicto que pode torná-lo inelegível só deve sair em 2026.

Um pedido de vista apresentado pelo ministro Antonio Carlos Ferreira, decano do TSE, interrompeu o julgamento. O ministro tem até 60 dias para devolver o processo à pauta. Com isso, o plenário da corte só deve retomar o caso após o recesso de final de ano, que começa em dezembro.

Se a maioria dos ministros seguir a tese de Gallotti, que aceitou recurso do Ministério Público Eleitoral para derrubar a decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio que inocentou Castro em 2024, o governador pode ter frustrado seu plano de candidatura a uma vaga no Senado.

Inelegível

O processo contra Cláudio Castro chegou ao TSE em 2024 e foi colocado na pauta de julgamento um dia depois da megaoperação policial contra o Comando Vermelho que deixou 121 motos. O caso envolve a disputa eleitoral de 2022, ano em que Castro foi reconduzido ao cargo, ainda em primeiro turno.

Duas investigações eleitorais acusaram o governador de ter feito 27 mil “contratações secretas” para postos não identificados, com pagamentos em dinheiro vivo. Os contratados eram lotados em autarquias e órgãos do governo estadual, como o Ceperj (Centro de Estatísticas, Estudos e Pesquisas).

Ao final das apurações, o MP pediu a cassação do mandato e a inelegibilidade de Castro por oito anos por abuso de poder econômico e político.

Em seu voto nesta terça-feira, a ministra Gallotti afirmou que Castro, como governador, se valeu de “um elaborado esquema de uso da estrutura administrativa estadual e de seus recursos” para “influenciar as eleições e garantir a permanência no poder” e favorecer “aliados”.

“As ações não foram atos isolados ou improvisados, mas uma estratégia implementada no âmbito do governo do estado”, destacou a ministro em seu voto. Segundo o MP Eleitoral, o esquema denunciado era “institucionalizado” no governo e envolvia o pagamento dos salários de contratados às vésperas da eleição de forma maquiada, em dinheiro vivo, na boca do caixa.

A defesa de Cláudio Castro nega irregularidades. Afirma que o governador não pode ser responsabilizado pelos atos de órgãos que não estão diretamente subordinados a ele. Os advogados do Castro pedem a manutenção da decisão do TRE que o absolveu. Os desembargadores do tribunal regional entenderam que não ficou provado que as contratações influenciaram no resultado das urnas.

O melhor cenário para Castro é que o processo não seja julgado até meados de 2026, quando o ministro do STF Kassio Nunes Marques assume a presidência do TSE. Nunes Marques foi escolhido para o Supremo por Jair Bolsonaro, de quem o governador é aliado.