NOVA YORK, 22 ABR (ANSA) – Após uma semana de preparação e formação do júri, começou nesta segunda-feira (22) o julgamento do ex-presidente americano Donald Trump no caso criminal em que é acusado de ter ocultado um pagamento para comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels. Este é o primeiro processo criminal contra um ex-presidente do país.   

Em suas declarações iniciais, o promotor Matthew Colangelo afirmou: “Este caso diz respeito a uma organização criminosa. O imputado, Donald Trump, orquestrou um plano para manipular as eleições de 2016. Depois, escondeu mentindo repetidamente em seus documentos empresariais em Nova York”.   

Segundo ele, a conspiração começou poucos meses depois que Trump anunciou sua candidatura, em 2015, em um encontro entre ele, seu então advogado Michael Cohen e o editor do tablóide National Enquirer David Pecker.   

“Naquele encontro, organizaram uma conspiração para influenciar as eleições presidenciais escondendo informações negativas sobre Trump para ajudá-lo a se eleger”, disse Colangelo.   

Ele acrescentou que a conspiração incluiu pagamentos de Cohen à ex-atriz pornô Stephanie Gregory Clifford, conhecida como Stormy Daniels, poucas semanas antes das eleições de 2016, para que não revelasse um envolvimento com o magnata.   

Depois da eleição, ainda para o promotor, Trump reembolsou Cohen pelos pagamentos e mascarou o objetivo, declarando que estava pagando por serviços legais.   

Colangelo elencou ainda que o tabloide teria pagado US$ 30 mil a um ex-porteiro da Trump Tower pela informação de que Trump seria pai de um filho fora do casamento.   

Um segundo pagamento de US$ 150 mil teria sido feito à “coelhinha da Playboy” Karen McDougal por outra relação com o ex-presidente. Nos dois casos, o objetivo era aplicar a técnica “catch and kill”, ou seja, descobrir as notícias e impedir que fossem publicadas.   

Por fim, o promotor destacou que o tabloide foi usado para atacar adversários, acusando Bern Carson de negligência médica, e o senador republicano Ted Cruz de “infidelidade sexual” e de ter “ligação familiar com o assassino de John Kennedy”.   

Já Todd Blanche, advogado de Trump, disse que ele é inocente e não cometeu nenhum crime: “É um homem, um marido, um pai. Uma pessoa como vocês e como eu. As 34 acusações são só pedaços de papel, nada disso é um crime. O júri descobrirá muitas dúvidas”, sustentou, chamando Trump sempre de “presidente”.   

“Tenho um ‘spoiler’ que estraga a surpresa da acusação: não há nada de errado em tentar influenciar uma eleição. Se chama democracia. As falsas acusações eram uma tentativa de constranger Trump e sua família”, alegou.   

Ele ainda atacou a credibilidade do ex-advogado Michael Cohen, que atualmente é testemunha de acusação, dizendo que é um “mentiroso declarado”. (ANSA).