Juiza dos EUA acusada de obstruir prisão de imigrante se declara inocente

A juíza americana detida em abril por supostamente obstruir a prisão de um imigrante mexicano declarou-se inocente, nesta quinta-feira (15), das acusações que lhe foram atribuídas, segundo documentos judiciais.

A detenção de Hannah Dugan no final de abril pelo FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, marcou uma escalada no confronto do presidente Donald Trump com o poder judiciário, e indignou a oposição democrata.

Segundo documentos judiciais, a magistrada ajudou um imigrante mexicano de 30 anos, Eduardo Flores-Ruiz, a escapar da sala do tribunal onde comparecia por um delito, pela porta reservada aos membros do júri, para que pudesse escapar dos agentes de migração que pretendiam detê-lo. Flores-Ruiz conseguiu sair do edifício, mas foi capturado.

Na terça-feira, Dugan, juíza no estado de Wisconsin, foi acusada de “obstruir ou impedir um procedimento de um serviço ou agência dos Estados Unidos” e de “ocultar um indivíduo para impedir” sua prisão, segundo a acusação emitida por um tribunal federal. Ela está sujeita a uma pena de até seis anos de prisão.

Os advogados de Dugan apresentaram, na quarta-feira, uma moção para rejeitar a acusação, alegando que a magistrada goza de “imunidade judicial durante atos oficiais”.

O argumento se baseia em um parecer de julho de 2024 da Suprema Corte, segundo o qual um presidente tem ampla imunidade no exercício de suas funções.

O tribunal marcou a data do julgamento para 21 de julho.

“Se você abriga um fugitivo, não nos importa quem você é; se ajuda a esconder alguém (…) qualquer pessoa que esteja ilegalmente neste país, vamos caçá-lo e processá-lo”, disse a secretária de Justiça, Pam Bondi, no momento da detenção de Dugan.

Desde que retornou ao poder em janeiro, Trump tenta ampliar ao máximo as prerrogativas do Executivo frente aos contrapesos do Judiciário e do Congresso, especialmente em sua ofensiva contra a imigração irregular.

Mas muitos de seus decretos e outras medidas enfrentaram resistência nos tribunais.

Recentemente, em dois casos diferentes, dois juízes acusaram seu governo de agir de má-fé com os tribunais que se opõem à sua política de deportações em massa.

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