O juiz Niwton Carpes da Silva, da 160º zona eleitoral de Porto Alegre, que impediu jornalistas de registrarem o voto da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) na tarde deste domingo (2), na capital gaúcha, já fez críticas à petista usando sua conta no Twitter.

Em 21 de abril, o magistrado escreveu no microblog: “Ela (Dilma) é tão incompetente e desesperada que não tem condições de autocrítica. O esquerdismo radical perdeu o trem da história”. Em 15 de abril – antes de a Câmara de Deputados autorizar a instauração do processo de impeachment contra Dilma -, ele escreveu que o governo federal havia afundado “num mar de corrupção” e que a ideia de convocar novas eleições representava um golpe à Constituição.

Já em 27 de março, o juiz escreveu: “Os petistas ainda continuam com a deslavada pachorra de falar em golpe… E as pedaladas, a corrupção e doações ilegais onde ficam???”. O seu perfil no Twitter foi criado em março deste ano.

Neste domingo (2), a imprensa que esperava a chegada de Dilma na Escola Santos Dumont, na zona sul da capital gaúcha, foi informada que, por uma decisão do juiz eleitoral Niwton Carpes da Silva, os jornalistas não poderiam acompanhar o voto da ex-presidente. A justificativa apresentada foi que, por ser uma “cidadã comum”, ela deveria votar desacompanhada.

A decisão gerou tumulto e empurra-empurra. Na confusão, uma porta de vidro que dava acesso ao saguão da escola foi quebrada, enquanto jornalistas argumentavam com policiais militares que barravam o acesso.

Aliados de Dilma, como o ex-ministro Miguel Rossetto e o deputado federal Henrique Fontana, ambos do PT, também foram impedidos de entrar. O único que conseguiu acompanhar o voto de Dilma foi Raul Pont, por ser candidato. Ele concorre à prefeitura de Porto Alegre pelo PT.

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“Fui empurrado”, afirmou Pont ao deixar o local. Ele tinha uma mancha de sangue na manga direita de sua camisa. A vice da chapa de Pont, Silvana Conti (PC do B), saiu mancando da escola. Ela disse ter levado um chute na perna.

Ao falar com a imprensa na escola, o juiz eleitoral foi questionado por que outros ex-presidentes, como Fernando Henrique Cardoso (PSDB), por exemplo, costumavam ter seu voto acompanhado por jornalistas. “Um erro não gera precedente”, ele falou. A reportagem tentou contato com o magistrado no fim da tarde, tanto no telefone da escola onde ocorreu a votação como no telefone da seção eleitoral. Ninguém atendeu nos dois números.

Dilma

Depois de votar, Dilma classificou como “absurda” e “antidemocrática” a decisão do juiz do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS) de impedir que a imprensa registrasse o momento do seu voto. “Acho antidemocrático. Acho um absurdo impedir a imprensa de chegar aqui”, afirmou, ainda dentro da escola.

Ela saiu por uma porta lateral do prédio, onde um carro a esperava. “Sempre votei aqui. Nunca houve isso”, relatou a ex-presidente quando se dirigia ao automóvel. “Nunca a Brigada Militar foi chamada, nunca fecharam as portas. É lamentável.”

Questionada sobre o argumento usado pelo juiz do TRE – que disse que por ser uma cidadã comum ela não poderia ter tratamento especial, nem ninguém acompanhando seu voto -, Dilma afirmou que tinha orgulho de ser uma cidadã comum. “Há que se ter orgulho de ser cidadã nesse País”, falou.


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