Um juiz norte-americano ordenou nesta terça-feira (8) à Casa Branca que restabeleça o pleno acesso da agência Associated Press (AP) aos eventos de Donald Trump, após tê-lo restringido por ter escrito “Golfo do México” em vez de “Golfo da América”, como decretado pelo presidente.
Por esse motivo, os jornalistas e fotógrafos da AP estão proibidos de acessar o Salão Oval e de viajar no Air Force One desde 11 de fevereiro.
O juiz distrital Trevor McFadden declarou que a “negação de acesso à AP com base em pontos de vista” viola a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que garante a liberdade de expressão e de imprensa.
“Se o governo abre suas portas para alguns jornalistas – seja o Salão Oval, a Sala Leste ou outros espaços -, não pode então fechá-las para outros jornalistas por causa de seus pontos de vista”, afirmou.
Ele ordenou à Casa Branca que “rescindisse imediatamente a negação de acesso da AP ao Salão Oval, ao Air Force One e a outros espaços restritos (…) quando esses espaços forem abertos a outros membros do grupo de imprensa da Casa Branca”.
A AP entrou com uma ação judicial contra a Casa Branca.
Durante uma audiência em março com McFadden, que foi indicado por Trump, o advogado da AP, Charles Tobin, afirmou que a agência de notícias foi vítima de “represálias abjetas” por parte da Casa Branca.
Duas semanas após vetar a AP, a Casa Branca retirou dos jornalistas a prerrogativa, quase centenária, de decidir quem compõe o grupo de repórteres e fotógrafos que cobrem os atos presidenciais.
“A Casa Branca alterou sua política para um sistema de rodízio que exclui a AP”, declarou Tobin.
Brian Hudak, advogado do Departamento de Justiça, argumentou que a Casa Branca e o próprio presidente decidem quem faz parte do grupo de imprensa.
Em seu guia de estilo, a AP afirma que o Golfo do México é chamado assim há “mais de 400 anos”.
“A Associated Press continuará a se referir [ao Golfo] por seu nome original ao mesmo tempo em que reconhece o novo nome escolhido por Trump”, acrescenta a agência de notícias.
Em uma nota editorial, a AP explicou que o decreto que muda o nome do Golfo tem autoridade apenas nos Estados Unidos, já que México, outros países e organismos internacionais não o reconheceram.
Fundada em 1846 por jornais nova-iorquinos, a AP fornece artigos, fotos e vídeos a inúmeros veículos de comunicação, tanto norte-americanos quanto estrangeiros.
cl/erl/mel/am