Um juiz federal dos Estados Unidos bloqueou temporariamente as demissões de mais de 500 funcionários da emissora pública Voice of America (VOA), acusada pelo governo do presidente Donald Trump de ter um viés esquerdista.
Em sua decisão, o juiz federal distrital Royce Lamberth determinou que as demissões, que deveriam entrar em vigor nesta terça-feira (30), foram suspensas e não deverão ser executadas enquanto aguardam uma sentença definitiva.
O juiz argumentou que o governo Trump não cumpriu com as obrigações da agência governamental responsável pelos meios públicos, a USAGM, que supervisiona a VOA.
O governo tem ganhado tempo, lamentou o juiz.
Em abril, Lamberth havia ordenado ao governo que restabelecesse a cobertura da VOA para que pudesse cumprir seu mandato legal de divulgar informações confiáveis e precisas.
Apesar dessa ordem judicial, a principal assessora da USAGM, Kari Lake, suspendeu administrativamente o pessoal contratado, que representa a maior parte dos serviços da VOA em idiomas diferentes do inglês.
Lake, ex-apresentadora de televisão local no Arizona, é uma fervorosa apoiadora de Trump e lidera a iniciativa do presidente para desmantelar os meios financiados pelo governo, apesar dos embates legais e críticas de que os adversários dos Estados Unidos se beneficiarão.
Em agosto, Lake demitiu 532 jornalistas em tempo integral da VOA. A emissora, que antes transmitia em 49 idiomas, agora produz conteúdo em apenas quatro: mandarim, dari, pashtu e farsi, e apenas cerca de uma hora por dia.
A USAGM foi criada em 1942 durante a Segunda Guerra Mundial como instrumento do soft power americano.
Seu objetivo é promover a democracia e combater a propaganda antiamericana no exterior por meio de entidades como a VOA, fundada em 1942, Radio Free Europe (1966), o Escritório de Transmissões de Notícias de Cuba, que opera a Rádio e TV Martí (1990), e Rádio Free Asia (1996).
Mas Trump assinou um decreto em março classificando a USAGM, que contava com mais de 3.000 funcionários em 2023, como uma “parte inútil da burocracia federal”.
Trump frequentemente ataca os veículos de comunicação e ridicularizou o firewall editorial da VOA, que impede o governo de interferir em sua cobertura, considerada pelo presidente como excessivamente crítica ao governo.
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