Um juiz de Manhattan decidiu, nesta sexta-feira (21), adiar indefinidamente o julgamento por corrupção contra o prefeito de Nova York, Eric Adams, mas evitou arquivar as acusações contra o democrata, como havia ordenado a administração de Donald Trump, de acordo com um documento judicial.
O juiz Dale Ho, do tribunal de primeira instância do sul de Manhattan, também nomeou o especialista independente Paul Clement para argumentar por quais razões as acusações contra Adams não devem ser arquivadas.
Na semana passada, o secretário de Justiça adjunto, Emile Bove, ex-advogado de Trump, ordenou que os promotores federais arquivassem as cinco acusações contra Adams, incluindo uma por financiamento ilegal de campanha e recebimento de subornos.
Segundo Bove, as acusações contra o prefeito têm motivações políticas e o impedem de se concentrar em perseguir a migração irregular, além de interferirem em sua campanha para a reeleição de novembro de 2025, argumentos que ele repetiu durante uma audiência diante de Ho na quarta-feira.
A ordem de Bove, considerada por muitos como um acordo entre o prefeito democrata para escapar da justiça e a administração republicana, gerou a renúncia de pelo menos sete promotores de Nova York e Washington e um clamor geral para que Adams deixasse o cargo.
O documento apresentado ao tribunal estabelece que o julgamento não poderá começar na data prevista de dia 21 de abril e foi “adiado ‘sine die’ (sem data definida)”.
O juiz ordenou que Clement, que trabalhou para o governo de George Bush, e o Departamento de Justiça entreguem seus argumentos até o dia 7 de março e agendou as alegações orais para uma semana depois.
“Normalmente, os tribunais são ajudados a tomar suas decisões por meio de nosso sistema de provas contraditórias, o que pode ser particularmente útil em casos que apresentam padrões de fatos incomuns ou em casos de grande interesse público”, argumentou Ho.
Desde que foi formalmente acusado em setembro passado, Adams se declarou inocente e se recusou a renunciar, apesar de muitos de seus colaboradores terem se afastado.
Quatro de seus principais assistentes na prefeitura anunciaram suas renúncias no início da semana, enquanto a presidente do Conselho Municipal, Adrienne Adams, pediu que ele “dê um passo para o lado e renuncie”.
A governadora democrata de Nova York, Kathy Hochul, anunciou na quinta-feira que não destituirá Adams, mas garantiu que ele será monitorado de perto.
“Há uma crise de confiança agora” e “precisamos ter a situação sob controle”, disse Hochul, que por enquanto resiste em ser a primeira governadora em 235 anos a destituir um prefeito eleito democraticamente pela principal cidade do país.