O recommerce, ou comércio reverso, não é uma novidade. Há muito tempo, livros velhos e roupas usadas contavam com espaços físicos para serem revendidos em locais como sebos e brechós. Contudo, além de sair mais barato ao bolso dos consumidores, o recommerce também está ligado a outra grande tendência: a redução do impacto ambiental. Por isso, também vem ganhando tração principalmente entre os mais jovens. Além de proporcionar um dinheiro extra com o que não se usa mais, um dos motivos pelos quais esse tipo de negócio se mostra como um forte movimento é o fato de poder contar com um público engajado com as causas e ideias do reaproveitamento de produtos. Os millennials, ou a geração Y, nascidos entre 1982 e 1994, estão nessa onda. Assim como a geração Z ou pós-millenial, jovens que nasceram entre 1995 e 2010 e chegaram ao mundo com um smartphone nas mãos.

A gerente de marca da Privalia, Marcella Marana, representante da geração Y, viu no seu guarda-roupa uma boa alternativa para arrecadar um dinheiro extra e ainda contribuir com projetos sociais. “Como trabalho com moda, tenho uma grande variedade de roupas no armário”, afirma. De acordo com dados da NielsenIQ Ebit, 91,7% dos consumidores têm a intenção de continuar comprando online no segundo trimestre de 2022. Essa é a maior projeção para o período desde 2018. Isso significa que o varejo digital já faz parte do dia a dia do consumidor e ele não pretende abandonar esse hábito adquirido durante o período de pandemia.

IMPACTO SOCIAL Thiago Mazeto: “novas gerações têm forte compromisso ambiental” (Crédito:Divulgação)

“As pessoas podem cumprir com a sua ideologia de consumo mais consciente e ainda contar com bons produtos a preços mais acessíveis. Como incentivadores desse ideal de desperdício zero, temos os consumidores mais jovens, extremamente habituados a comprar pela internet”, ressalta Thiago Mazeto, CEO da Tray, plataforma de e-commerce.

O recommerce permite que qualquer item seja comercializado nas principais plataformas online. Não existe uma regra para a revenda de produtos, desde que estejam em bom estado e possam ser aproveitados por outros consumidores. No início, Marcella lembra que começou emprestando roupas em algumas ocasiões para amigas, depois começou a trocar algumas peças. “Aos poucos fui entendendo que podia fazer isso de outra forma, atingindo um maior número de pessoas. Criei uma conta no Instagram somente para o bazar e comecei a divulgá-la”, explica.

Segundo o estudo da NielsenIQ Ebit, os segmentos de Moda, Cosméticos, Acessórios e Perfumaria são os que mais se destacam no e-commerce. “Antes eu fazia apenas duas grandes divulgações ao longo do ano. Hoje faço com uma frequência bem maior. Aos poucos, também fui mudando o formato. Agora também faço curadoria das peças de amigas, quando têm um estilo adequado para o bazar”, conta. Com o faturamento do recommerce, Marcella teve um aumento de renda na ordem de 20% – ela destina metade dessa porcentagem para assistência social. “O bazar não é minha renda principal. Atuo de maneira paralela ao meu trabalho e, por isso, dei a ele um significado maior para mim. Assim, posso reverter parte da renda para trabalhos sociais dos quais sempre gostei”, diz.

As estrelas do recommerce

Eletrônicos
Os produtos estão cada vez mais sofisticados e com soluções para esse mercado. Muitos aparelhos são feitos para serem substituídos por novos modelos e com novas funcionalidades

Videogames
O mercado movimenta bilhões de dólares anualmente. As tecnologias estão abrindo novas possibilidades todos os dias e, cada vez mais, acessórios para os jogos aparecem
e são desejados pelos consumidores

Jóias
O mercado de luxo está bem posicionado no universo da comercialização online de produtos usados. Afinal, muitas marcas são destinadas para um público com alto poder aquisitivo

Roupas de grife
Roupas de marca estão entre as tendências para esse modelo de negócio. A reutilização de determinadas marcas é uma novidade, já que a relação com as peças era restrita a um único dono