Um jovem de 25 anos morreu eletrocutado na noite deste sábado, 9, durante temporal em um festival de música na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. Segundo testemunhas, João Vinícius Ferreira Simões recebeu uma descarga elétrica quando estava próximo a um trailer de sanduíche na área de alimentação do evento.

O caso ocorreu em edição do I Wanna Be Tour, festival organizado pela produtora 30e, no Riocentro. A informação da morte do jovem foi divulgada pela rádio CBN e confirmada pelo Estadão. A direção do Hospital Municipal Lourenço Jorge disse que João chegou na unidade ainda em parada cardiorrespiratória, mas não resistiu.

A descarga elétrica que resultou na morte do jovem ocorreu pouco após as 22h, segundo testemunhas ouvidas pelo Estadão. Uma delas afirmou que, após a vítima ser eletrocutada, uma equipe do festival foi rapidamente até o local, mas aparentou não saber como lidar com a situação.

“Eles não estavam sabendo como agir, tanto que quem tentou realizar a manobra de ressuscitação no rapaz foi um garoto que estava no show”, disse ao Estadão o estudante de Arquitetura e Urbanismo Vinicius de Oliveira Bragança, de 33 anos.

Ele afirma que o jovem foi levado para uma ambulância após cerca de cinco minutos. Depois do episódio, a preocupação era de que outras pessoas também fossem eletrocutadas, uma vez que a área não foi prontamente isolada pela organização.

“O food truck estava numa calçada, e a fiação que alimentava todos os food trucks passava pelo meio-fio. Com a chuva, a água submergiu todos esses fios”, disse. “Fiquei preocupado, porque se uma pessoa já tinha tomado uma descarga elétrica, com certeza outras pessoas que estavam ali, pedindo lanche, comprando e se alimentando, também poderiam sofrer a descarga.”

Sem saber o que fazer, ele afirma ter começado a gritar para o público se afastar dos food trucks, mas disse que era difícil se fazer entender na multidão. Vinicius disse que, depois de um tempo, a área onde a descarga ocorreu foi isolada de forma improvisada, com uso de lixeiras.

Head de Growth Marketing, Raphaela Rangel, de 30 anos, estava em um food truck bem próximo quando João foi eletrocutado. “Chovia muito, já era no final do penúltimo show da noite”, disse. “Então fomos nos abrigar nos food trucks porque a única tenda do evento não dava vazão.”

Segundo ela, houve correria após o episódio e a organização do festival demorou a tomar a atitude de cercar o local. Ao se ver no meio daquela sitação, Raphaela afirma que decidiu ir embora, por segurança, sem esperar a última atração. “Foi imprudência da produção do festival ter optado por continuar mesmo após a fatalidade.”

Nas redes sociais, muitos usuários reclamaram da infraestrutura do evento. A noite de shows foi marcada por forte chuva no Rio. A última apresentação, da banda Simple Plan, chegou a ser atrasada por conta das condições climáticas. Entre as atrações do evento estavam também bandas nacionais, como Fresno e NX Zero, além da cantora Pitty.

Em sua primeira edição, o festival I Wanna Be Tour encerra a temporada de shows neste domingo, 10, em Belo Horizonte. Além do Rio de Janeiro, os artistas já passaram por São Paulo, Curitiba e Recife.

Questionada pelo Estadão sobre o ocorrido, a 30e, empresa que produz o festival, não se manifestou até a publicação desta reportagem. Até o momento, também não houve pronunciamento nas redes sociais ou nos canais oficiais da empresa e do I Wanna Be Tour.

Em nota, o Riocentro afirmou que “lamenta profundamente o ocorrido e informa que o jovem foi imediatamente socorrido pela equipe de socorro contratada pela organizadora do evento e responsável pela infraestrutura, que o encaminhou ao hospital”. “A administração do centro de convenções está acompanhando o caso de perto junto à organização, para que a família receba toda assistência necessária”, afirmou.

Em novembro do ano passado, a estudante Ana Clara Benevides, de 23 anos, morreu após passar mal durante show da cantora Taylor Swift no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, também no Rio. Na época, a Tickets for Fun, responsável pela organização do show no Brasil, foi alvo de críticas por problemas de organização e pela proibição de que os fãs levassem sua própria água ao estádio, medida posteriormente revista pela empresa.