José Roberto de Castro Neves foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) em eleição realizada na tarde desta quinta-feira, 29. O advogado, escritor e professor universitário de 54 anos ocupa a Cadeira n° 26, que pertencia a Marcos Vilaça, morto em 29 de março, aos 85 anos.
Neves recebeu 27 votos, contra 7 de seu principal concorrente, o escritor, editor, tradutor e historiador Rodrigo Lacerda. Além deles, Diego Mendes Sousa, Sivaldo Venerando do Nascimento e Evandro Aléssio Rodrigues Pereira haviam se candidatado à vaga.
Professor de direito civil há 30 anos, atualmente lecionando na PUC-Rio, e de direito e literatura na FGV há uma década, Neves é mestre em Direito pela Universidade de Cambridge, doutor em Direito Civil pela UERJ e membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas.
O advogado é o maior colecionador de William Shakespeare (1564-1616) do Brasil, com um acervo de mais de seis mil peças, e considerado um dos grandes especialistas sobre o dramaturgo no País. Ele já publicou 18 livros sobre história, literatura e direito, incluindo três obras sobre escritor inglês, sendo a mais recente Shakespeare Ontem, Hoje e Amanhã, e Amanhã, e Amanhã (Nova Fronteira).
Em abril, ele falou ao Estadão sobre o livro e sua rotina, contando que toca piano todos os dias e mantém uma coleção de discos de vinil, além de dedicar tempo para a família, a mulher e os três filhos. No dia em que concedeu a entrevista, contou ter participado de evento dias antes “ao lado de Merval” na Academia Brasileira de Letras.
Outros livros de destaque do autor são Como Os Advogados Salvaram o Mundo e Os Grandes Julgamentos da História. Também no mês passado, lançou seu primeiro romance de ficção, Ozymandias, pela Intrínseca.
“É uma história do Brasil, na verdade, de uma menina que está fugindo de uma coisa, e então é paralisada por uma pessoa que tenta assaltá-la. Ela se desvencilha, mas acaba matando o agressor, que então descobre ser sua mãe, e a narrativa se desenrola daí”, disse ao Estadão.
Na semana passada, a ABL elegeu o crítico literário e professor Paulo Henriques Britto à vaga deixada pela acadêmica e escritora Heloisa Teixeira, morta em março. Em abril, a jornalista e escritora Míriam Leitão foi eleita para a cadeira que pertenceu ao cineasta Cacá Diegues, morto em fevereiro.
Em breve, a instituição também vai eleger um nome para a cadeira deixada pelo filólogo Evanildo Bechara, que morreu na última quinta-feira, 22, aos 97 anos. A escritora mineira Ana Maria Gonçalves, autora do romance Um Defeito de Cor, se candidatou para a vaga.