O ex-ministro José Dirceu (PT) afirmou nesta quinta-feira, 4, que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não tem força política própria e depende do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Ele é governador de São Paulo. O povo paulista o elegeu. Eu o respeito por isso. Mas ele não existe. Quem é o Tarcísio? Ele foi colocado para ser o candidato e o eleitorado conservador votou nele”, disse Dirceu, em entrevista ao UOL.
Dirceu disse não enxergar em Tarcísio uma liderança que possa conduzir o bolsonarismo, que, avalia, vai sobreviver com ou sem Bolsonaro. O ex-presidente é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. “O conservadorismo no Brasil é muito forte. São Paulo teve ademarismo, janismo, malufismo, todos conservadores”, afirmou.
Para o ex-ministro, ainda que uma eventual candidatura de Tarcísio à Presidência em 2026 tenha apoio da direita e do mercado, não é capaz de ocupar o espaço político deixado com inelegibilidade de Bolsonaro. O ex-presidente está inelegível até 2030, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“A direita brasileira hoje não tem um líder orgânico, não tem um líder empresarial político, não tem uma coalizão política empresarial que governa o País. O Tarcísio é uma ficção. Por isso que ele precisa do Bolsonaro, porque não tem força nenhuma. Não tem base eleitoral de Tarcísio Freitas. Não tem o ‘tarcisismo’, vamos dizer assim”, disse.
A declaração é semelhante à feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no fim de agosto, em entrevista a uma rádio mineira. “Temos que reconhecer que o Bolsonaro tem uma força no setor de extrema direita muito forte. Ele (Tarcísio) vai fazer o que o Bolsonaro quiser. Sem o Bolsonaro ele não é nada”, disse o presidente.
Ainda sobre a força do conservadorismo, Dirceu afirmou que a ascensão da direita no Brasil acompanha uma tendência mundial e que, após 2013, o PT “ficou muito restrito, perdeu força e organização”.
O governador Tarcísio de Freitas é apontado como provável sucessor de Bolsonaro, com chances de ter a candidatura chancelada pelo padrinho político.
Celebrado em jantares e encontros com representantes do Centrão e da direita, ele passou recentemente a articular em Brasília pela aprovação de uma anistia a Bolsonaro e aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.