O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disparou críticas contra o PT nesta terça-feira, 17, e afirmou que a legenda “precisa se reconstruir”. Na visão dele, se não houver força no partido, não adianta ter um bom candidato.
Em entrevista ao “Estudio i”, da GloboNews, Dirceu firmou: “Nós temos o Fernando Haddad, que é ministro da Fazenda, tem o Álvaro Costa na Casa Civil, tem o Camilo Santana, tem o Jacques Wagner. Nós temos outros nomes no PT. E surgiram outros para [as eleições de] 2030, para 2026 o Lula é candidatíssimo. Eventualmente, nós temos um ano e meio de governo pra resolver todas essas questões, enfrentar essas questões, procurar avançar essas questões”.
Para o ex-ministro, a “a base do PT, como organização partidária, se desorganizou” e que “as instâncias deixaram de funcionar muitas vezes”. No entanto relembrou que a esquerda não perdeu as eleições porque Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retornou à Presidência da República.
“A esquerda não errou porque, apesar de tudo o que aconteceu conosco entre 2013 e 2019, nós voltamos ao governo em 2022. Nós ganhamos cinco eleições. Agora, a esquerda se debilitou muito, saiu dos territórios, não conseguiu se empoderar nas redes sociais”, explicou.
“Vamos lembrar que nós, de 2013 a 2019, fomos praticamente interditados de fazer política no país. […] A direita foi ocupando território e avançando política e culturalmente. […] A eleição de 2022 não foi uma vitória da esquerda. Foi uma vitória do anti-bolsonarismo”, completou.
Dirceu destacou que a direita acumulou forças desde 2014, e a esquerda teve de se defender, porque houve o “impeachment da Dilma, movimento Lula Livre, pandemia. Lula volta em 2022. Não foi uma vitória da esquerda, foi uma vitória do anti-bolsonarismo”.
Possibilidade de Tarcísio ser candidato
José Dirceu ainda analisou um possível segundo turno entre Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nas eleições presidenciais de 2026.
“Tudo indica que os partidos de direita vão buscar um candidato único, se o Bolsonaro permitir, que seria o Tarcísio de Freitas. Mas o Tarcísio não é invencível, sim, porque essa aliança compromete muito a direita, com a agenda do Flávio Bolsonaro: indulto, anistia, uso da força, trumpismo bolsonarista […]”, disse.
Em outro momento, o ex-ministro também criticou o que chamou de “projeto autoritário” da direita. “Flávio Bolsonaro deixou claro: ou tem indulto, ou tem anistia, ou caçamos ministros do Supremo, ou usamos a força.”
Na sua percepção, o pleito de 2026 precisa decidir o rumo do Brasil — se seguirá para algo “social-democrata” ou avançará para um “modelo argentino de choque”.