O jornalista da Reuters Issam Abdallah, morto ao ser atingido por um bombardeio no sul do Líbano em 13 de outubro, assim como outros seis jornalistas, dois deles da AFP, que ficaram feridos, foram considerados “alvos”, afirmou, neste domingo (29), a organização Repórteres sem Fronteiras (RSF).

A ONG de defesa da liberdade de imprensa não questionou diretamente o exército israelense, mas indicou que, “segundo a análise balística encomendada pela RSF, a área de procedência dos disparos se encontra a leste do local onde o grupo de jornalistas e seus carros foram alvejados, onde fica a fronteira com Israel”.

“Dois bombardeios de intensidades diferentes, com um intervalo de 37 a 38 segundos, impactaram na sexta-feira, 13 de outubro, por volta das 18h, o local onde estava um grupo de sete jornalistas havia mais de uma hora”, estacionados em uma estrada para cobrir as tensões crescentes na fronteira, diz o informe.

As trocas de tiros de artilharia entre Israel e o movimento Hezbollah libanês, assim como as tentativas de infiltração de comandos palestinos em Israel a partir desta área se multiplicaram desde o início da guerra entre Israel e Hamas em Gaza, em 7 de outubro.

“O primeiro bombardeio matou o videojornalista da agência Reuters Issam Abdallah e feriu gravemente a correspondente da AFP Christina Assi, enquanto o segundo provocou a explosão do veículo da Al Jazeera (…), ferindo vários de seus colegas”, detalhou a RSF.

Todos os membros do grupo usavam capacetes e coletes com a inscrição “Press” (imprensa, em inglês), portanto “é impossível que tenham sido confundidos com combatentes”, explica, em um vídeo, um dos investigadores da ONG.

Eles estavam também “em local aberto havia mais de uma hora em uma colina, ou seja, estavam claramente visíveis”, ressalta.

“As primeiras conclusões da investigação permitem estabelecer que os repórteres não foram vítimas colaterais dos disparos”, aponta a organização.

“O fato de que tenha havido dois bombardeios no mesmo local, com um intervalo tão reduzido (pouco mais de 30 segundos), indica claramente que foram alvos precisos”, para os quais se apontou, afirma a RSF, insistindo em que é “inverossímil que tenha-se confundido os jornalistas com combatentes”.

Segundo dois jornalistas que estavam no local, consultados pela RSF, um helicóptero israelense Apache sobrevoou o local antes da tragédia.

As autoridades libanesas atribuíram os bombardeios a Israel.

O exército israelense informou que estava verificando o ocorrido e “lamentou” o incidente.

A AFP realiza sua própria averiguação e pediu a Israel e ao Líbano que investiguem o ocorrido “em profundidade”.

A agência Reuters também instou as autoridades israelenses a realizarem uma “investigação rápida, em profundidade e transparente”.

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