Jornalistas afegãs se escondem por medo de serem mortas

Jornalistas afegãs se escondem por medo de serem mortas

As mulheres que trabalham na emissora Enekaas TV em Jalalabad, no Afeganistão, não puderam ir trabalhar nesta segunda-feira (8) após o assassinato de três de suas colegas na semana passada.

Como resultado do aumento desse tipo de crime no país, a presença de mulheres na mídia afegã caiu 18% nos últimos seis meses, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas Afegãos (AJSC).

No total, 300 trabalhadoras da mídia perderam seus empregos, de acordo com o organismo.

“Minha família me pediu para não voltar à rede de televisão”, disse à AFP Nadia Momand, apresentadora da Enekaas TV.

O diretor da empresa também pediu a seis trabalhadoras que “ficassem” em casa, acrescentou.

“Acho muito improvável que voltemos. Perdemos nossos empregos”, lamentou.

Três de suas colegas de trabalho foram mortas a tiros em 2 de março, ao deixarem os escritórios.

Menos de três meses antes, outra funcionária da rede sofreu o mesmo destino.

“Amo o jornalismo, mas também quero continuar viva. Não sairei mais, a menos que me mandem um veículo blindado”, acrescentou Momand.

“Como não temos meios de protegê-las, pedimos a todas as nossas funcionárias que ficassem em casa até que a situação melhore”, disse Zalmai Latifi, diretor da Enekaas TV.

“Também decidimos não contratar mais mulheres”, acrescentou.

Nos últimos meses, o Afeganistão tem visto uma onda crescente de assassinatos seletivos de jornalistas e outras figuras proeminentes da sociedade civil, apesar do início das negociações de paz entre o governo e o Talibã em setembro.

O Afeganistão comemora o Dia Internacional da Mulher este ano em meio a ameaças crescentes a jornalistas e profissionais da mídia, especialmente mulheres, denunciou o AJSC.

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