Uma repórter do jornal independente Novaya Gazeta especializada na situação da Chechênia fugiu da Rússia depois de receber ameaças do líder desta república do Cáucaso, anunciou a publicação.
“Levando em consideração as muitas ameaças pessoais feitas nos últimos dias pelas autoridades da Chechênia contra a jornalista Elena Milashina, a redação decidiu enviá-la para fora da Rússia”, afirmou o Novaya Gazeta.
O jornal é um dos últimos redutos da imprensa livre na Rússia e seu diretor de redação, Dmitri Muratov, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2021.
O compromisso do jornal, especialmente para denunciar as violações dos direitos humanos na Chechênia, custou as vidas de vários jornalistas, incluindo a famosa repórter Anna Politkovskaya.
As publicações de Milashina, especialmente suas reportagens sobre as execuções extrajudiciais, provocaram a ira das autoridades da Chechênia.
Em janeiro, o autoritário dirigente checheno Ramzan Kadyrov chamou Milashina de “terrorista” em uma mensagem no Telegram, o que levou o Novaya Gazeta a apresentar uma denúncia por “incitação ao ódio”.
“Fontes de alto escalão me falaram que a ameaça contra minha segurança é bastante elevada, então vou levar em consideração, mesmo não gostando”, disse a jornalista ao canal de televisão de oposição Dojd.
Além disso, algumas fontes informaram que a esposa de um ex-juiz federal russo de origem chechena e que é um opositor de Karynov foi detida no norte da Rússia e levada contra sua vontade para este território do Cáucaso.
Diante das acusações de inação, o Kremlin afirma que perdeu o controle das autoridades da Chechênia, território onde foram travadas duas guerras violentas entre russos e separatistas e depois contra a rebelião islamita.