Após o médico obstetra Renato Kalil ser acusado de ter cometido uma possível violência obstétrica no parto da influenciadora Shantal Verdelho, a jornalista britânica Samantha Pearson, correspondente do The Wall Street Journal no Brasil, disse que sofreu assédio moral quando foi paciente do médico. As informações são do O Globo.
Sua vontade de revelar o que vivenciou com o médico veio depois que ela assistiu ao vídeo do parto de Shantal.
Em entrevista exclusiva ao jornal, Samantha contou que em 2015 foi até o consultório de Kalil na reta final de sua primeira gestação. Ela queria um parto normal e recebeu ótimas referências do médico.
Após o parto, a jornalista disse que ouviu perfeitamente o médico comentar com o seu marido que havia feito pontos em sua parte íntima.
“Ele falava da minha vagina como se eu não estivesse ali. Passei semanas chorando sozinha em casa, sem saber se ele tinha dado mais pontos do que o necessário, com medo de transar, de sentir dor. Fui a outros médicos para saber se isso podia ser checado, mas não podia. Foi horrível.”
Mesmo assim, ela voltou a se consultar com o médico, em 2019, quando esperava pela sua segunda filha. De acordo com ela, durante um atendimento no seu oitavo mês de gestação, o médico fez um comentário a respeito do seu peso.
“Hoje percebo que eu não era a ‘gringa’ maluca, eu estava certa, nada daquilo era normal. Ele disse aquilo na frente de sua equipe, eu estava quase nua, totalmente exposta. Meu marido estava lá e sempre percebi que o que ele queria o tempo todo era agradar meu marido, como se eu, a paciente, não estivesse lá.”
Samantha também comentou que seu desejo era ter a sua segunda filha no Hospital Albert Einstein e ouviu que Kalil poderia fazer isso.
“Na minha segunda gravidez voltei a ele por isso, tive medo de procurar outro médico e alguma coisa dar errado. Mas em cada consulta vivia coisas muito ruins. Ele me contava intimidades de outras pacientes e de sua própria mulher. Muitas vezes, as pacientes das quais ele falava estavam na sala de espera”, disse.
O médico Renato Kalil foi procurado pelo O Globo para comentar sobre esse caso, mas não retornou o contato.