A jornalista Marina Ovsiannikova, famosa por ter denunciado a ofensiva russa na Ucrânia durante um noticiário em um canal estatal, publicará um livro autobiográfico no qual descreve “a fábrica de propaganda” em Moscou, de onde fugiu.
O livro começará a ser vendido na sexta-feira na Alemanha. Nesse dia, a autora dará uma coletiva de imprensa em Paris, na sede de Repórteres Sem Fronteiras, onde contará como saiu da Rússia com a filha graças à ajuda dessa ONG, há quatro meses, apesar de estar em prisão domiciliar.
Com o título “Zwischen Gut und Böse” (“Entre o bem e o mal”, em tradução livre), o livro também será publicado posteriormente em francês e inglês, disse a editora.
Na primeira parte da obra, consultada pela AFP, a jornalista – de mãe russa e pai ucraniano – relata a sua irrupção, durante a transmissão do noticiário de maior audiência do país, com uma faixa que dizia “No War” (Sem Guerra).
Essa intervenção interrompeu sua vida profissional e familiar.
Em seu livro, Ovsiannikova não nega ter feito parte do regime: o marido, de quem se separou e com quem teve um filho e uma filha, é um dos diretores da rede Russia Today (atualmente RT).
Ela também descreve alguns dos prós e contras da “fábrica de propaganda” da rede para a qual trabalhava, Pervy Kanal. Um dos exemplos é que qualquer informação sobre o presidente russo Vladimir Putin nunca deve estar acompanhada de más notícias.
Há também uma proibição latente de espalhar boas notícias dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, segundo ela.
Seu livro termina com a fuga clandestina da Rússia, cuja fronteira (sem especificar qual país) cruzou a pé com a filha.
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