ROMA, 22 JUL (ANSA) – A jornalista Laura Santi, 50 anos, tornou-se nesta terça-feira (22) a pessoa mais recente a cometer suicídio assistido na Itália, ao se autoadministrar um medicamento letal, em sua casa na capital da Úmbria.
A italiana, que sofria de esclerose múltipla em estágio avançado, morreu ao lado do marido, Stefano, informou a Associação Luca Coscioni, que luta pelo direito à morte, em comunicado.
“Após anos de avanço da doença e uma piora brutal de sua condição no último ano, seu sofrimento tornou-se intolerável”, declarou o esposo de Santi.
Antes de morrer, ela deu uma declaração explicando sua decisão: “A vida vale a pena ser vivida se você quiser, mesmo até os 100 anos de idade e com a condição mais grave. Mas nós, aqueles que convivemos com esse sofrimento extremo, devemos ser os únicos a decidir”.
“Estou prestes a morrer. Você não consegue entender a sensação de liberdade do sofrimento, do inferno diário, que estou vivenciando agora. Ou talvez você consiga entender. Não se preocupe comigo. Eu levo sorrisos para lá, levo muita beleza que me deram”, acrescentou Santi, apelando para todos lembrarem dela.
A prefeita de Perugia, Vittoria Ferdinandi, descreveu a jornalista como “uma mulher corajosa, uma jornalista incansável e uma verdadeira protagonista na luta pelos direitos civis”.
“Laura dedicou sua vida à defesa da dignidade humana, com especial atenção aos cuidados paliativos, uma batalha que ela enfrentou com grande determinação e paixão”, acrescentou a prefeita.
Por sua vez, o arcebispo de Perugia, Ivan Maffeis, disse à ANSA que “este é um dia de silêncio, repleto de tristeza pelo sofrimento que a morte traz e de gratidão pelo caminho que compartilhamos”.
Várias pessoas já receberam ajuda com suicídio assistido na Itália graças à associação Coscioni, que transferiu pacientes terminais para a Clínica Dignitas, perto de Zurique, para acabar com suas vidas antes de uma decisão histórica de 2019 da Suprema Corte italiana legalizar a prática em alguns casos.
A decisão estabeleceu critérios rigorosos para os casos em que o suicídio assistido é legítimo e pediu para o Parlamento preencher a lacuna legislativa em relação aos cuidados paliativos. Partidos que apoiam o governo da primeira-ministra Giorgia Meloni apresentaram um projeto de lei buscando preencher esse vácuo. (ANSA).