Jornal salvadorenho denuncia ‘perseguição’ por revelar suposto acordo de Bukele com gangues

O jornal digital El Faro denunciou que o Ministério Público de El Salvador prepara a prisão de seus jornalistas por publicar entrevistas com membros de gangue que revelaram um susposto acordo com o presidente Nayib Bukele que lhe permitiu chegar ao poder, o que o governo negou neste domingo (4).

O El Faro divulgou entre quinta-feira e sábado as entrevistas segundo as quais as guangues ajudaram Bukele a ganhar a prefeitura de San Salvador em 2015 e a presidência em 2019, em troca de dinheiro e benefícios para membros presos.

O diretor do meio de investigação jornalística, Carlos Dada, denunciou na noite de sábado que o Ministério Público “está preparando ordens de prisão” contra os jornalistas que trabalharam nas entrevistas, entre eles os irmãos Óscar e Carlos Martínez.

O comissário presidencial de Direitos Humanos, Andrés Guzmán, refutou no X tal acusação e afirmou que “em El Salvador se respeita e se garante o exercício da liberdade de imprensa e expressão”.

Mas “recordamos que o princípio da legalidade rege em nosso país para todos os cidadãos, incluindo os jornalistas”, alertou. Seguidores de Bukele acusaram o El Faro de fazer “apologia ao crime” ao entrevistar membros de gangue.

Após as declarações de Dada, o Relator Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Pedro Vaca, e a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), disseram estar em “alerta” e expressaram “profundo alarme” em suas contas no X.

A Associação de Jornalistas de El Salvador (APES) disse estar “vigilante a qualquer ataque, perseguição ou prisão arbitrária contra os colegas”.

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