Jornais do Peru criticam asilo de ex-primeira-dama no Brasil: ‘Corruptos se protegem’

Nadine Heredia recebeu asilo humanitário do Planalto após ser condenada a 15 anos de prisão por corrupção

Jornais do Peru criticam asilo de ex-primeira-dama no Brasil: ‘Corruptos se protegem’

A imprensa do Peru criticou o asilo dado pelo Brasil à ex-primeira-dama Nadine Heredia, condenada a 15 anos de prisão por corrupção em licitações. Para os periódicos, a concessão do benefício foi irregular e protege uma condenada.

O jornal “Diário Trome” publicou uma montagem de Nadine e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abraçados e com a manchete “Entre corruptos, se protegem”. O periódico ainda afirma ser “vergonhoso” o asilo dado à condenada por crimes de corrupção.

Já o “Correo” afirmou que o benefício é uma zombaria à decisão judicial e comparou o caso dela com o do marido, o ex-presidente peruano Ollanta Humala, preso após a condenação pelos mesmos crimes. Na capa, o jornal afirmou: “Uma ri da justiça e outro vai para a prisão”.

O jornal “El Comercio” destaca uma entrevista com o ex-chanceler Francisco Tudela em que rebate o asilo concedido pelo Brasil. Na visão do político, o benefício é irregular: “O asilo do Brasil a Nadine Heredia é irregular, foi outorgado a quem não se qualifica”.

Nadine foi condenada por participação em um esquema de corrupção envolvendo um contrato da construtora Odebrecht (hoje Novonor) com o governo Hugo Chávez, na Venezuela. Ela se refugiou na Embaixada do Brasil em Lima, no Peru, na terça-feira, logo após sua condenação. Ela chegou ao Brasil no dia seguinte em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB).

O ministro das Relações Internacionais, Mauro Vieira, rebateu críticas e justificou razões humanitárias para conceder asilo político à ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia. A declaração foi dada em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira, 18.

Vieira afirmou que a condenação poderia deixar o filho do casal, menor de idade, sozinho e citou uma cirurgia feita recentemente para justificar o asilo político.

“Ela foi recentemente operada por uma questão grave de coluna vertebral, está em recuperação, precisa continuar em tratamento, e estava acompanhada de um filho menor. O marido condenado está detido e, portanto, o filho menor também estaria abandonado ou desprotegido. Foi com base em critérios humanitários”, disse.