O norueguês Jon Fosse, laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, é um escritor multifacetado para quem o silêncio, às vezes, tem mais impacto que as palavras.

Romancista, ensaísta, poeta, escritor de livros infantis e, sobretudo, dramaturgo, Fosse nasceu em 29 de setembro de 1959 em Haugesund, na costa oeste da Noruega, que abriga alguns dos fiordes mais emblemáticos do país.

Ele cresceu em uma família que seguia o pietismo, uma forma rígida de luteranismo. Um de seus avôs era quacre, pacifista e esquerdista.

Fosse estabeleceu distância das crenças e se declarou ateu na juventude. O escritor foi membro do grupo “Rocking Chair”, onde tocava guitarra, antes de se converter ao catolicismo em 2013.

Depois de estudar Literatura, estreou em 1983 com “Vermelho, Negro”, romance em que um jovem estabelece um ajuste de contas com o pietismo.

Seu estilo é caracterizado por avanços e recuos no tempo, além de pontos de vista diferentes, quase uma marca registrada.

Fosse também é conhecido por “Naustet” (1989), muito elogiado pela crítica, e “Melancolia” I e II (1995-96), outro de seus grandes trabalhos.

Sua obra mais recente, “Septologia” – sete capítulos distribuídos em três volumes – narra o encontro de um homem com outra versão de si mesmo para apresentar questões existenciais, com uma pontuação esparsa e imprevisível.

As obras de Fosse rompem com as regras clássicas, reduzem a trama ao mínimo e usam uma linguagem simples, sem adornos, em que a chave da compreensão está no ritmo, na musicalidade e nas pausas.

– O teatro como necessidade –

Fosse conquistou fama mundial com suas obras para o teatro.

Sem uma renda regular, ele concordou em escrever o começo de uma peça no início dos anos 1990. Mais tarde, decidiu concluir a obra. A peça, ‘Nokon kjem til å komme’ (“Alguém vai chegar”), o coloca no mapa do teatro europeu.

Após um intervalo de 10 anos, Fosse voltou ao gênero em 2021 e surpreendeu com a obra “Sterk Vind”.

A editora norueguesa Samlaget informa que seus textos foram traduzidos para quase 50 idiomas e que suas obras já foram encenadas mais de 1.000 vezes ao redor do mundo.

O dramaturgo foi casado três vezes e tem seis filhos.

Seus personagens não falam muito. As frases se repetem e permanecem em suspense. Os silêncios são fundamentais e demonstram que, mesmo juntas, as pessoas continuam sozinhas.

“Não escrevo sobre personagens no sentido tradicional da palavra. Escrevo sobre a humanidade”, declarou Fosse ao jornal francês Le Monde em 2003.

phy/ef/sag/mb/fp/aa