Johnson cogita novas eleições se for derrotado no Parlamento

LONDRES, 2 SET (ANSA) – O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ameaçou nesta segunda-feira (2) convocar eleições legislativas antecipadas no próximo dia 14 de outubro se seu governo for derrotado no Parlamento sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o chamado Brexit. Segundo uma fonte do governo, citando uma declaração do premier aos deputados de seu partido, Johnson teme que parlamentares conservadores rebeldes se unam com a oposição para derrotá-lo em votação amanhã (3). Caso isso aconteça, o líder britânico apresentará uma moção para dissolver o Parlamento e realizar novas eleições. A moção de dissolução, porém, requer o consentimento de dois terços da Câmara dos Comuns.   

A ameaça, no entanto, contradiz o pronunciamento de Johnson feito mais cedo. Hoje, ele afirmou que não pretende mudar a data do Brexit, marcado para 31 de outubro, e que não tem intenção de convocar eleições gerais.   

A declaração foi dada em meio à pressão que o conservador tem sofrido depois que provocou polêmica ao suspender as atividades do Parlamento. A decisão foi alvo de diversos protestos e duramente criticada por ser uma manobra para impedir qualquer ação contra um “divórcio” sem acordo. Em seu discurso, o primeiro-ministro britânico alertou que, sob “nenhuma circunstância”, permitirá um novo adiamento da data do Brexit. Além disso, ele ressaltou que, caso os parlamentares barrem o divórcio sem acordo, seria impossível manter as negociações com a UE.   

“Eu não quero uma eleição e vocês também não querem uma”, disse.   

Johnson ainda ameaçou excluir os deputados conservadores envolvidos na possível aliança com a oposição. Em meio à polêmica, a Comissão Europeia reiterou sua “vontade de trabalhar de forma construtiva com o Reino Unido” e disse estar “pronta para analisar propostas concretas” alternativas ao backstop “desde que sejam compatíveis com o contrato de divórcio”, que já foi negociado, informou a porta-voz Mina Andreeva, confirmando que as negociações em nível técnico continuam. (ANSA)