A cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020 foi enxuta, mas ainda assim emocionante. Sob o lema de “nós temos asas”, os organizadores realizaram nesta terça-feira (24) uma festa menor e mais rápida se comparada com a da Olimpíada, que destacou como todas as pessoas têm as mesmas capacidades e podem alcançar grandes feitos. A pira paralímpica foi acesa por três atletas japoneses: Yui Kamiji (tênis sobre cadeira de rodas), Shunsuke Uchida (bocha) e Karin Morisaki (halterofilismo). O país vive um grave momento no combate à pandemia de covid-19.

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O desfile das delegações foi menor e mais rápido, enquanto que as peças de entretenimento demoraram menos para serem concluídas, embora também tenham sido um espetáculo. O Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) apostou mais na exibição de vídeos para apresentar os esportes e reforçar a campanha de #WeThe15 (Nós, os 15), que destaca que 15% da população mundial tem algum tipo de deficiência e vive a vida normalmente, com um ou outro percalço.

A primeira coisa a ser exibida foi um vídeo com alguns dos esportes, seguido pela apresentação de dançarinos com todos os tipos de deficiência e fogos de artifício. Na sequência, houve a entrada do imperador japonês Naruhito e do presidente do IPC, o brasileiro Andrew Parsons.

Pouco depois houve a entrada da bandeira do Japão, conduzida por cinco atletas paralímpicos e um bombeiro, como forma de homenagear a categoria. A deficiente visual Hirari Sato cantou o hino japonês. Na sequência, houve uma apresentação de Karakuri, um teatro de marionetes com a participação dos dançarinos, logo antes da entrada dos três “agitos”, que formam o símbolo paralímpico. Os esportes da Paralimpíada foram apresentados em vídeo.

O desfile das delegações também foi reduzido em relação ao da Olimpíada, com mais delegações cumprindo as orientações de levar poucos atletas. A Nova Zelândia, por exemplo, não permitiu que nenhum de seus atletas fosse e a bandeira foi carregada por voluntários. O Brasil teve quatro pessoas: os porta-bandeiras Petrúcio Ferreira, do atletismo, e Evelyn Oliveira, da bocha, Alberto Martins, diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), e Ana Carolina Alves (técnica da classe BC4 da bocha e staff de Evelyn).

Dois momentos emocionantes foram a entrada da bandeira do Afeganistão, apesar de nenhum atleta do país que se classificou ter conseguido viajar a Tóquio, e a participação de cães-guia junto com a delegação de Israel.

Após o término do desfile, projeções no solo representaram as bandeiras de todos os povos e, em seguida, a Terra, antes de mais fogos de artifício. Em seguida, veio a apresentação da “pequena monoasa”, protagonizada pela cadeirante Yui Wago, de 13 anos, junto com atores que possuem outras formas de deficiência, em uma primeira parte melancólica, na qual a personagem demonstrava desanimação com a sua situação.

Na segunda parte da peça, apresentada após os protocolos de discursos, hasteamentos das bandeiras e juramentos, um show de música, dança e luzes animaram a “monoasa”, demonstrando que ela passou a aceitar quem era e a acreditar que podia conseguir os sonhos até, por fim, “voar”.

O percurso final da tocha paralímpica foi representando uma passagem de bastão entre gerações: três atletas idosos japoneses passaram as tochas para profissionais da saúde, que carregaram até os atletas que acenderam a pira.

Covid-19

A Paralimpíada começa no momento em que o Japão enfrenta seu pior surto de Covid-19, com um recorde de casos diários e um sistema médico sobrecarregado.

Na semana passada, os organizadores admitiram que a Paralimpíada será realizada em circunstâncias “muito difíceis” – a situação de saúde do país piorou desde que a Olimpíada terminou no dia 8 de agosto, e os hospitais da cidade-sede estão lotados.

O governo do Japão e o governo metropolitano de Tóquio apelaram na segunda-feira aos hospitais da capital para que aceitem mais pacientes de Covid-19, já que as infecções crescentes tornam cada vez mais difícil ter acesso a cuidados.

“Estou um pouco preocupado com a realização dos Jogos Paralímpicos. Ainda assim, espero que os atletas façam seu melhor”, disse Chika Sasagawa, funcionário de escritório de 52 anos.

Embora o número de atletas e autoridades estrangeiros seja menos de um terço daquele da Olimpíada, o Japão relatou mais de 25 mil casos diários em três dias da semana passada, bem mais do que os 15 mil vistos ao final daquele evento no início deste mês.

Os organizadores da Paralimpíada, que acontecerá entre 24 de agosto e 5 de setembro, dizem que planejam adotar os mesmos protocolos contra a Covid-19, ou “manual”, que foram usados durante a Olimpíada.

Exames frequentes e outras restrições, como limitar a circulação de atletas e autoridades, mostraram-se eficazes para minimizar os riscos de infecção durante os Jogos, acrescentaram.

Como a Olimpíada, a Paralimpíada também transcorrerá essencialmente sem espectadores, e os organizadores pedem que os dirigentes dos Jogos evitem comer fora ou beber em grupos.

Os organizadores olímpicos relataram 404 infecções relacionadas ao evento. Eles realizaram cerca de 600 mil exames com uma taxa de infecção de 0,02%.

O Japão prorrogou as medidas emergenciais contra a Covid-19 na capital e em outras regiões para o período da Paralimpíada.

Cerca de 88% dos milhares de atletas e autoridades que comparecerão foram vacinados, disse o porta-voz do Comitê Olímpico Internacional (COI), Craig Spence, mas vários voluntários locais ainda precisam ser totalmente imunizados.

“Comparando com a Olimpíada, as infecções de Covid se disseminam mais agora. Tenho muitos receios, mas acredito que o Japão, como país-sede, está fazendo todos os esforços para que os atletas possam competir em segurança nos Jogos”, disse Kana Matsuyama, moradora de Tóquio de 45 anos.

Com Estadão Conteúdo e Reuters