O fato de o governo não conseguir mesmo da sua base de sustentação um posicionamento mais claro sobre a reforma da Previdência fez a oposição endurecer as suas posições. Como hoje o governo só parece ter mesmo unidade em torno do tema no seu partido, o PSL, e mesmo assim com restrições sobre alguns pontos, isso levou os partidos de oposição a começarem a ensaiar um posicionamento contrário mais radical. Se nem as legendas conservadoras mais ligadas a Jair Bolsonaro garantem totalmente a aprovação, não será a oposição quem assumirá o desgaste. Assim agirão mesmo os partidos de oposição mais moderados. O PDT resolveu fechar questão contra a reforma. O PSB, menos uniforme, não deverá chegar a tanto, mas terá também uma posição contrária.

Esquerda

Na estratégia adotada, PDT e PSB querem deixar claro que não são contrários à tese de que é necessária uma reforma da Previdência. Eles são contrários a esta enviada pelo governo. Mas, no fundo, o que  a oposição não quer é assumir um desgaste que mesmo os governistas não assumem. As conversas dos dois partidos se estendem também ao PT.

Pobreza

Em encontro esta semana, os parlamentares do PSB consideraram que a proposta de reforma da Previdência encaminhada pelo governo é ainda mais dura que a do ex-presidente Temer, especialmente no que se refere ao sacrifício a ser imposto às camadas mais pobres. Não vislumbraram uma contrapartida em termos de geração de empregos.

Lobby tributário

Gilmar Felix

O ex-deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) não conseguiu se reeleger, mas deverá ser contratado por associações ligadas à área tributária para continuar trabalhando em Brasília pela aprovação da sua proposta de reforma. Na quarta-feira 13, ele se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro para tratar do tema. E ficou feliz na semana passada ao saber que nos Estados Unidos o ministro da Economia, Paulo Guedes, elogiou o seu projeto.

Rápidas

* O MDB está entre os partidos mais refratários à reforma da Previdência. Dos 34 deputados da legenda, estima-se que somente três sejam a favor da proposta. Um deles é Darcísio Perondi (MDB-RS), vice-líder do governo na Câmara.

* O deputado Zé Vitor (PMN-GO) apresentou um projeto que obriga todos os novos prédios que vierem a ser construídos a terem pontos de recarga para veículos elétricos. É, segundo o deputado, uma forma de estimular o uso desses veículos.

* Para o deputado, uma das razões para que não se expanda a frota elétrica no país é a falta de garantia de que o consumidor encontrará onde abastecer as baterias dos automóveis. Para ele, a existência desses pontos estimulará o consumo.

* Na ausência de Bolsonaro, o vice Mourão adotou uma postura discreta. Ao participar de almoço do Lide Brasília na terça-feira 19, ele foi saudado como presidente. Rapidamente, fez questão de corrigir: “Interino”.

Retrato falado

“Ninguém está defendendo o fim do STF” (Crédito:Pedro França)

Ao protocolar, com 29 assinaturas, a CPI Lava Toga, que pretende investigar ações do Judiciário, o senador Alessandro Vieira (PPS-SE) disse que sua intenção está longe de ser criar uma crise institucional. Ele somente deseja investigar determinadas ações de alguns personagens da Justiça que, a seu ver, e também na visão da sociedade, parecem questionáveis. “Se os senadores e a sociedade entendem que esses fatos precisam ser apurados, por que se temer que a CPI ocorra?”, argumenta o senador.

Toma lá dá cá

Pedro Ladeira/Folhapress (Crédito:Pedro Ladeira/Folhapress)

Deputado Felipe Francischini (PSL-PR)

Como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o senhor acredita que o envio do projeto de Previdência dos militares facilita a aprovação da reforma?

O projeto dos militares vai direto para a comissão especial. Como não é emenda constitucional, não passa pela comissão. No caso da CCJ, mantenho o prazo que dei. Aprovamos até abril.

E ela é plausível?
Sim, é uma meta que inclusive respeita o direito da oposição de dialogar, debater o assunto e ao governo organizar os trabalhos dentro da comissão.

O senhor teme o chamado kit obstrução da oposição?
Tudo que está dentro do regimento interno faz parte do jogo. É admissível e até bacana para intensificar o debate.

Estádio de Brasília

Há uma expectativa de que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, anuncie no aniversário de Brasília a concessão do estádio Mané Garrincha e imediações ao grupo privado Arena BSB, formado pela RNGD Consultoria e Amsterdan Arena. Mais do que no estádio propriamente dito, o grupo está interessado no seu entorno,que inclui um ginásio de esportes e uma grande área. A ideia é formar ali um grande complexo de lojas, cinemas e espaços para shows e eventos. É por aí, mais do que propriamente no estádio, que o grupo imagina poder ganhar dinheiro. Mais do que competições esportivas, o estádio é projetado para grandes shows. O primeiro que o grupo pretende trazer é da banda Gun’s & Roses.

Superfaturado

O grupo estuda a possibilidade de utilização parcial de áreas do estádio, que não implique seu uso inteiro. E o uso do ginásio de esportes para shows menores, mais viáveis. Além do espaço para shopping, lojas e cinemas. Se a concessão fosse só do estádio, ela não seria interessante: enorme, faraônico, superfaturado.

Para educação

O deputado Idilvan Alencar (PDT-CE) propõe uma destinação nobre para o dinheiro de corrupção colhido pela Lava Jato. Depois da polêmica com o fundo que o Ministério Público pretendia criar, Idilvan protocolou na segunda-feira 18 projeto que cria o Fundo de Expansão da Educação Infantil, que receberia os R$ 2,5 bilhões do acordo entre a Petrobras e a Lava Jato.

MARCOS STUDART/ GOVERNO DO CEARA

Prioridade

Idilvan quer que todo dinheiro arrecadado no combate à corrupção, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro seja também destinado ao fundo de educação. “Poderemos avançar muito se o dinheiro retornado aos cofres públicos efetivamente virar escolas e creches, em desenvolvimento civilizatório para a população”, defende o deputado.

Sossega

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), têm pedido à base de Jair Bolsonaro que controle a militância virtual caso se queira de fato avançar a Reforma da Previdência. A tática de linchamento virtual tem incomodado Maia e outros políticos que a militância associa à “velha política”.