Os jogadores do Campeonato Inglês rejeitaram neste sábado uma proposta dos clubes para cortar seus salários em 30% durante a pandemia do coronavírus, com o sindicato dos atletas alegando que o governo perderia mais de 200 milhões de libras (mais de R$ 1,312 bilhão) em impostos.

“Isso seria prejudicial para o NHS (Serviço Nacional de Saúde) e outros serviços financiados pelo governo”, disse a Associação de Futebolistas Profissionais (PFA, na sigla em inglês) em um comunicado.

A declaração do sindicato veio depois de negociações neste sábado envolvendo clubes e a liga, ao mesmo tempo em que o Liverpool se tornava alvos de críticas ao utilizar um programa governamental para pagar salários.

O time, que lidera a liga com 25 pontos de vantagem, repetiu a ação do Tottenham, Bournemouth, Newcastle e Norwich, para colocar seus funcionários em recesso, se aproveitando que o governo decidiu bancar 80% dos salários, até um limite de 2,5 mil libras (aproximadamente R$ 16,4 mil) por mês, em uma iniciativa para evitar demissões.

Uma reunião dos clubes do Campeonato Inglês na sexta-feira havia terminado com um acordo para sugerir aos jogadores o corte salarial de 30%. Mas o impasse entre as equipes e o sindicato continua.

“Os jogadores estão conscientes de que o imposto cobrado sobre seus salários é uma contribuição significativa para o financiamento de serviços públicos essenciais, especialmente neste momento crítico”, disse o PFA em comunicado. “Realizar a dedução salarial de 30% custará quantias substanciais ao Tesouro.”

Se a temporada não puder ser completada, a Premier League pode ficar devendo 762 milhões de libras (R$ 4,999 bilhões) pela negociação antecipada dos direitos de TV. O Burnley, ainda com 9 de seus 38 jogos no campeonato para disputar, estima um déficit de 50 milhões de libras (R$ 328 milhões).

O sindicato levantou a perspectiva de um longo período sem jogos. A redução do salário em 30% ao longo de um ano equivaleria a 500 milhões de libras (R$ 3,28 bilhões), disse a PFA, alegando que o governo perderia mais de 200 milhões de libras em impostos.

“Que efeito essa perda de impostos para o governo significa para o NHS?”, afirmou a PFA. “Isso foi considerado pela proposta da Premier League e o secretário de saúde, Matt Hancock, levou isso em consideração quando pediu aos jogadores para cortar os salários?”

O PFA disse que os jogadores ainda gostariam de “detalhes precisos do nosso compromisso” reconhecendo a necessidade de ajudar seus clubes, funcionários que não jogam, equipes de divisões inferiores e do serviço de saúde. “No entanto, alcançar uma posição coletiva para todos os jogadores do Campeonato Inglês – sobre quais existem muitas circunstâncias financeiras e contratuais diferentes, clube a clube – levará um pouco mais de tempo”, afirmou o sindicato.

Como muitos outros países, a Grã-Bretanha adotou o isolamento social, com escolas, bares, restaurantes e muitas empresas fechadas para ajudar a retardar a disseminação do novo coronavírus. Os dados mais recentes do governo, neste sábado, mostraram que 4.313 pessoas morreram pelo Covid-19 em hospitais, um aumento de 708 casos em relação ao dia anterior.

O coronavírus causa sintomas leves ou moderados, como febre e tosse, para a maioria das pessoas. Mas para outros, especialmente idosos e pessoas com problemas de saúde, pode causar sintomas graves como pneumonia.