O ator argentino Joaquín Furriel, de 44 anos, tem um a longa carreira cinematográfica, Mas ele se tornou popular com a televisão, como protagonista da série “O Jardim de Bronze”. A primeira temporada dessa história de suspense estreou em 2016 fez sucesso mundial e incentivou a HBO a investir em material latino, como “Narcos”, de José Padilha, e “Magnífica 70”, de Carolina Jabor. Furriel interpreta um arquiteto, Fabián Danúbio, que busca a filha desaparecida, Moira (Matie Lanata). A menina fica dos 5 aos 15 anos em cativeiro. A série foi criada por Gustavo Malajovich, autor do best-seller “El Jardín de Bronce”, que inspirou a primeira temporada, em parceria com Marcos Osorio Vidal. A segunda temporada, que vai ao ar aos domingos às 21h pela HBO e pelo aplicativo HBOGO, mostra Danúbio agora em companhia da filha, Moira (Maite Lanata) que sofre problemas psicológicos e se isola do mundo. Além de tentar tratar Moira, ela se transforma em uma espécie de investigador de romance noir, e passa a decifrar novos mistérios. Em entrevista exclusiva à ISTOÉ, Joaquín Furriel explica por que “O Jardim de Bronze” foi responsável pela atual nova era de ouro da televisão – ou, como ele prefere, pela primavera das séries.

Que significa para você voltar a fazer o papel de Fabián Danubio três anos depois da primeira temporada?

Foi maravilhoso para mim reencontrar com a equipe com a qual trabalhei muito bem na primeira temporada. Foi especial para mim voltar ao mesmo papel três anos depois, retomando o personagem depois que se passaram apenas três meses,  nunca tinha feito isso.  Foi um momento estranho, de parar o tempo na vida.

Como você define Fabián, o personagem do pai em busca da filha e o que muda para ele na segunda temporada?

Ele é marcado pelo desespero e pelo desejo de encontrar Moira, sua filha. Ele passa a ter atitudes coisas que não havia experimentado antes. O fato é que ele encontra a filha, mas também um grande problema. Na segunda temporada, ele inicia uma segunda busca desesperada, a de encontrar a filha, só que ela agora está presente. Ele se dá conta de que a menina viveu muitos anos em cativeiro. Por isso, não sabe o que pode acontecer e mesmo o que se passou com ela. É o momento de superar os traumas.

A que elementos você atribui o sucesso de “O Jardim de Bronze”?

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São vários os condimentos que fizeram o êxito da série. O primeiro é a qualidade da história e do roteiro. O elenco e os diretores também se revelaram os artistas ideais para contar essa história.  Trata-se de uma história que alimenta um medo do que pode assombrar um pai ou uma mãe do que pode acontecer com um filho ou filha, de desaparecer.  É uma série policial bem argentina, o que pode atrair os públicos de outros países. Porque ninguém quer ver uma história em que fazem da mesma maneira que acontece em seu território – mas de uma maneira universal.

“O Jardim de Bronze” foi a série latina mais vista no Netflix em 2016 e deu início à popularização dos realizadores da América Latina nos serviços de streaming? Como você analisa esse fenômeno da popularidade das séries latinoamericanas?

O fato é que antes existiam apenas a televisão e o cinema. Hoje, graças aos serviços de streaming, podemos não só assistir a filmes e a séries excelentes, como principalmente temos a possibilidade de desfrutar delas dirigidas por grandes diretores, e isso pela primeira vez na história. A América Latina tem um potencial enorme, não somente quanto à criatividade e a realização, como também porque somos uma região em constante movimento, além de haver contatos sociais intensos e complexos que geram grandes histórias.

O que você acha do triunfo das séries via streaming? Como você as compara com o cinema? A televisão ultrapassou o cinema em termos de boas ideias no que concerne aos roteiros?

Não. O cinema continua sendo, de um lado, um campo de potencialidade de eventos espetaculares, e, por outro, o lugar fundamental para o cinema de autor, que mexe com fibras que podem não interessar a muita gente.  O cinema vive uma situação difícil e está mais conservador. Busca fórmulas para atrair o público. Nesse sentido, o material em streaming tem sido mais criativo que o cinema.  Mas a experiência de ver uma ficção no cinema, com a tela grande, a fotografia e o volume de som continua imbatível.  Foi impactante, por exemplo, quando o primeiro episódio de “O Jardim de Bronze” foi exibido em uma sala de cinema. Fiquei com vontade de transferir os outros sete episódios para a tela grande, porque é algo muito envolvente.

Divulgação

Você concorda com aqueles que denominam a atual fase de produção de séries como responsável por uma nova era de ouro da televisão?

Estamos vivendo a primavera das séries de TV, um momento de muita produção e promoção em uma nova onda de entretenimento. Mesmo assim, são produzidas muitas séries de ficção. Mas as que transcendem a normalidade são poucas. A HBO tem uma programação restrita de séries de ficção, de forma que o que é mostrado tem um critério de qualidade. Em contrapartida, outros serviços de streaming apostam no volume de produção, que nem sempre resulta em qualidade. Claro que há qualidade, mas é preciso buscá-la tão facilmente. É preciso distinguir séries de séries de boa qualidade.

O que você acha do novo hábito do binge watching (maratonar séries)? É um hábito saudável? Você é um binge watcher?

Muitas vezes eu me vejo maratonando séries, isso quando tenho algum tempo atípico, porque não tenho muito tempo. Eu vejo séries para sair do mundo que me rodeia. Os maratonistas de séries devem estar vivendo novas emoções. Acho que os binge watchers estão até mesmo salvando os casamentos porque ficam mais em casa. Até porque, em um tempo de 8 a 10 horas de maratona em um fim de semana dedicado a séries, as pessoas dizem  muitas coisas que não são ditas normalmente. Eu só tive oportunidade de maratonar quando estive em férias ou de cama, para me distrair. Em geral, acompanho os capítulos devagar, quando posso.


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