Ninguém precisa gostar da ‘pessoa’ João Doria, do governador João Doria, das calças apertadas de João Doria, das extremas vaidade e necessidade de aparecer de João Doria, mas ninguém, sob pena de mentir ou ignorar, pode negar a excelência do trabalho do ex-prefeito e ex-governador de São Paulo – capital e estado.

Como prefeito, além de diversas obras de recuperação viária da cidade e melhoria substancial do ambiente de negócios, aproximando a iniciativa privada da Prefeitura, desburocratizando a gestão municipal e facilitando a livre iniciativa, Doria zerou a fila de exames de saúde com a brilhante e inédita iniciativa dos mutirões.

Como governador, foi simplesmente o responsável por trazer a primeira vacina contra o coronavírus, fato que fez ‘acordar’ o governo federal negacionista e homicida. Além disso, em 2020, ápice da pandemia, São Paulo foi o único estado da Federação que cresceu (economicamente) e ajudou a conter o tombo do PIB nacional.

Nem Doria nem suas administrações foram pilhados em escândalos de corrupção, o que, no Brasil, deixou de ser obrigação, ou fato corriqueiro, para se tornar virtude. E no campo ‘benefícios pessoais’, diante de sua maravilhosa condição financeira, doou seus proventos à instituições de caridade e aos mais necessitados.

Sou de Minas Gerais, não conheço o ex-governador, jamais tive contato com ele e não tenho o menor interesse em ‘puxar seu saco’. Aliás, textos meus, críticos ao moço, não faltam por aí. Uma rápida pesquisa na internet e o Dr. Google mostrará que falo a verdade. Por que, então, este texto elogioso? Porque é fato, ué.

O brasileiro não gosta nem quer saber de gestão honesta e eficiente. O brasileiro não se importa com rachadinha e mensalão; com mansões e petrolão. O brasileiro gosta de mitos, mães e pais dos pobres, ainda que sejam absolutamente todos de araque, mais falsos do que nota de três reais, impressa em gráfica rápida.

O brasileiro trocou José Serra, à época, o mais preparado homem público do País, por Lula da Silva, o meliante de São Bernardo. Trocou, vá lá, Aécio Neves por Dilma Rousseff. E João Amoedo e Henrique Meirelles por Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto. Este ano, tudo indica, as péssimas escolhas continuarão.

João Doria, Sergio Moro, Eduardo Leite, Simone Tebet (ao que parece), todos foram ficando no meio do caminho, enquanto o amigão do Queiroz e o ex-tudo (ex-condenado, ex-presidente, ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro) lideram com folga as pesquisas de intenção de voto.

Todos esses nomes acima são infinitamente melhores que o líder do petrolão e o patriarca do clã das rachadinhas, mas o eleitor brasileiro não está nem aí para eles e suas qualidades. João Doria foi alijado da política e anunciou seu retorno à iniciativa privada. Ele é mais uma prova de que a política brasileira é um privilégio – e quase exclusividade – dos medíocres de ocasião.