O médium João Teixeira de Faria, de 75 anos, não pôde estar presente no lançamento do filme “João de Deus: o Silêncio é uma Prece”, de Candé Salles, em São Paulo, sobre o seu trabalho de cirurgias espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, localizada em Abadiânia, em Goiás. Mas ele concordou em responder às perguntas da ISTOÉ por e-mail. Ele conta como a aparição de Santa Rita de Cássia o iniciou na mediunidade e que lição aprendeu ao se tratar do câncer e como espiritualidade e ciência podem andar juntas.

O que representou Chico Xavier para sua vida?

O Xico Xavier foi, sem dúvida, uma daquelas pessoas que Deus colocou no meu caminho, para me fazer refletir sobre a vida, suas dificuldades, seus desencontros, a agir e pensar nos meus irmãos como se fosse eu próprio. Simplesmente ele me ensinou amar.

Como o senhor concilia a vida espiritual na Casa Dom Inácio e as atividades como empresário e ruralista?

Venho de uma família pobre, passei fome, fui alfaiate, e depois fui tentar a vida nos garimpos e trabalhei muito para ter o que tenho. Hoje tenho a obrigação de retribuir o que Deus me ajudou. Tenho o dever de ser verdadeiro com a vida. O meu sucesso profissional eu devo corresponder á luz que Deus me presenteou.

As entidades que estão próximas do senhor são sempre as mesmas ou variam? Qual delas é a mais presente?

Não tenho domínio com o meu corpo. Sinto a presença de tantas entidades…mas tenho um guardião que não me abandona nunca, Deus.

Como o senhor lida com o fato de algumas pessoas não terem sido curadas pelo senhor?

Se a pessoa não tem fé em Deus, não sou responsável. A fé é algo superior, é uma força que vem não sabe de onde, fé no que temos dentro de nós – a gente é mais forte do que imagina!

Como a cura espiritual se harmoniza com o tratamento médico convencional?

Espiritualidade e ciência caminham juntas para trazer a realização na vida.

O senhor foi operado do câncer num hospital em São Paulo. O senhor tirou alguma lição da experiência?

Sim! Que o sol tem uma beleza única. Nunca tinha percebido o quanto é bom senti-lo na minha pele. Que Deus foi incrível comigo, me fazendo crer que a vida, é por demais bela.

As entidades que acompanham o senhor já foram desafiadas a provar a força. Isso acontece muitas vezes? Como lidar com os céticos?

Allan Kardec, ao se pronunciar a respeito da validade do pensamento dos imortais que inspiraram o aparecimento do espiritismo no mundo, nos diz em sua lucidez e extremo bom senso que, se um dia a ciência provasse que o espiritismo estivesse errado em seus postulados, que ficássemos com a ciência.

É preciso acreditar em Deus para se submeter ao processo de cura?

É preciso acreditar que existe uma força maior que é Deus. Eu não curo ninguém, quem cura é ele. Sou apenas o seu instrumento.

Quando as entidades operam, o senhor fica inconsciente ou acompanha as sessões de alguma forma?

Fico totalmente inconsciente.

Por que o senhor solicitou aos cineastas Edna Gomes (roteirista) e Candé Salles (diretor) que passassem por um processo de purificação?

Edna e Candé, são duas pessoas sensíveis e boas de coração, as entidades só mostraram o caminho da fé, do amor ao próximo, da simplicidade e da leveza com a vida. Eles decidiram por si mesmos, o melhor caminho que deveriam percorrer para achar o equilíbrio interior. Fico feliz, de eles terem encontrado a luz do amor em seus corações.

A mediunidade o acompanha desde pequeno ou foi um processo mais lento de autodescoberta?  

Desde que eu tinha oito anos de idade, eu sentia que era diferente. Sempre troquei e absorvi energias durante a incorporação, essa energia as vezes vem com uma imensidão de luzes. Eu sinto essa troca de energia no meu corpo e depois é uma sensação de entrega e de cair em um sono profundo.